O Brasil está voltando a exportar tecnologia para a criação de bancos de leite humano. Nas próximas semanas, dois técnicos do Ministério da Saúde viajam a Quito, capital do Equador, onde vão capacitar profissionais da maternidade Isidro Ayora. Os equipamentos para a montagem do banco de leite já foram adquiridos pelo governo equatoriano. Quito, a maior cidade do país, atende a mais de 10 mil parturientes por ano.
O convênio para exportação de tecnologia foi assinado durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Equador, em 25 de agosto. O banco de leite vai permitir o tratamento de recém-nascidos prematuros, doentes e bebês de baixo peso.
O primeiro país a receber a tecnologia brasileira, desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz, foi a Venezuela, em 1997. Ali já funcionam oito bancos de leite. Devido ao sucesso do programa, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como um dos melhores do mundo, o Ministério da Saúde decidiu estender a experiência a todos os países latino-americanos interessados.
De acordo com a coordenadora de Política de Aleitamento Materno do ministério, Sonia Salviano, um banco de leite é relativamente barato. O aparelho mais caro, o pasteurizador, custa R$ 4,5 mil e, com a compra de outros equipamentos, como um freezer doméstico, o banco pode ser montado com R$ 15 mil.
“Aqui no Brasil, os bancos de leite são prioridade das maternidades de hospitais públicos. O processo de pasteurização é acompanhado a cada cinco minutos. Por isso, temos a certeza de que estamos oferecendo aos bebês um produto extremamente seguro, livre de possíveis bactérias ou vírus”, explicou a coordenadora. Na pasteurização do leite, a perda de anticorpos, que protegem os recém-nascidos de doenças e infecções, é muito pequena.
O governo brasileiro planeja promover, no próximo ano, um Congresso Internacional de Bancos de Leite Humano, para a criação de uma rede abrangendo os países da América latina e Caribe. O governo vai fornecer o conhecimento técnico e o custo de implantação dos bancos ficará a cargo dos interessados.
“Também estamos esperando participantes de países africanos, onde a incidência de Aids é muito grande, principalmente em crianças que são contaminadas durante a amamentação”, explicou a médica. Segundo ela, em muitos países africanos as mães são obrigadas a amamentar, mesmo que sejam portadoras do vírus HIV, por uma questão de costume e tradição. A pasteurização do leite materno eliminaria o vírus, que tem baixa resistência ao calor.
No mês passado, o Conselho Federal de Medicina da África do Sul mandou um representante ao Brasil para conhecer o processo usado no país. A tecnologia brasileira tem despertado interesse por ser de alta eficiência e baixo custo. A França, primeira a implantar um banco de leite no mundo, usa um sistema mais caro e complicado. No Brasil, existem 173 bancos de leite e em breve serão inaugurados mais nove.
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