Terminou em tragédia mais um confronto entre torcidas organizadas de futebol. O soldado do Exército Rafik Tavares da Silva Candido, de 20 anos, morreu a golpes de foice num distúrbio entre torcedores de Flamengo e Botafogo, na altura de Piraí, interior do Estado. Os dois clubes jogaram ontem, em Volta Redonda, pelo Campeonato Brasileiro. Mas após a partida, grupos rivais de torcedores se enfrentaram na Via Dutra.
Rafik estava com a camisa do Botafogo. Ele e outros colegas não conseguiram chegar a tempo em Volta Redonda para ver o jogo. O mesmo ocorreu com torcedores do Flamengo. Muitos deles preferiram ficar em bares próximos ao estádio. Minutos antes, os rivais já haviam se hostilizado nas imediações do pedágio de Piraí. Foi preciso que a Polícia Militar e a segurança particular da rodovia interviesse, para que não houvesse nada mais grave. Mas ainda assim alguns torcedores apedrejaram os ônibus dos rivais, estilhaçando vidros.
Depois do jogo e da promessa mútua de que entrariam em choque na volta ao Rio, os torcedores protagonizaram cenas chocantes. Eles já desciam a Serra das Araras, quando um ônibus, com botafoguenses, parou na rodovia por causa de um pneu furado. De acordo com o policial rodoviário federal Edésio Soares, do posto de Piraí, o problema no ônibus provocou retenção no trânsito e o recomeço da briga.
"O pessoal do Flamengo, que vinha logo atrás, em pelo menos um ônibus, desceu e se aproximou do ônibus do Botafogo. Houve primeiro provocações e xingamentos. Então começou a pancadaria. Foi um corre-corre e muita gente se escondeu na mata escura", contou, por telefone, ao Estado. No confronto, Rafik, filho de um policial militar, morreu a golpes de foice, que teriam sido desferidos por um torcedor do Flamengo.
Outros dois botafoguense ficaram feridos e foram atendidos no Hospital Flávio Leal, de Piraí. Jonata Andrade Roque de Oliveira de 24 anos, chegou ao local com suspeita de traumatismo craniano. Rodolfo Rodrigo Araújo da Silva, de 21 anos, teve apenas pequenas escoriações pelo corpo e um ferimento no pé. "Quem trouxe o pessoal para cá foi a ambulância da Nova Dutra. Tinha muito sangue nos garotos", disse a recepcionista do Hospital Flávio Leal, que se identificou como dona Irany.
Muitos dos envolvidos no tumulto acabaram detidos pela PM e levados para a 94ª Delegacia de Polícia, em Piraí. O assassino de Rafik não havia sido identificado até às 21 horas de ontem. Mais de 15 carros das Polícia Militar e Civil seguiram para o local do confronto. Ainda de acordo com o policial rodoviário de plantão em Piraí, motoristas e acompanhantes de carros de passeio entraram em pânico ao ver a ação dos torcedores. "Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. Aquela gritaria, as agressões todas."