Hugo Chávez é um fenômeno do "marketing revolucionário". As barracas de ambulantes que se espalham pela zona central de Caracas exibem camisetas, bonés, canetas, cinzeiros, abridores de garrafas, pratos decorativos e todo tipo de bugiganga com a imagem do presidente venezuelano.
Mas a estrela da "linha bolivariana" é o boneco de Chávez, de 40 centímetros de altura, apresentado em várias versões e vendido a 50 mil bolivarianos (cerca de US$ 25). "Eu vendo dez ‘Chavitos’ por dia. Às 13 horas, já não tenho mais nenhum", disse Lidia Mercedes, na frente de sua barraca do Boulevard da Praça Venezuela. "Vende como pão quente.
Os bonecos não são exatamente uma novidade. Fabricados na China, eles foram lançados no ano passado. Agora, com a proximidade do Natal, se tornaram uma mania na Venezuela e devem ser um dos presentes de fim de ano mais vendidos no país. "As crianças adoram", explicou a ambulante.
Há versões de Chávez de terno e com a faixa presidencial, de farda verde-oliva e com a boina vermelha, com uniforme de camuflagem e pára-quedas (o líder venezuelano foi tenente-coronel do Corpo de pára-quedistas do Exército), etc. Um dispositivo faz com que, ao apertar de um botão em suas costas, ele comece a fazer um discurso. Há várias versões de discurso também. "Convoco meu povo, o povo bolivariano, para trabalhar incansavelmente para cumprir nossa missão", diz um deles. Em outro, o boneco "canta" um trecho do hino venezuelano: "Gloria al bravo pueblo, que el yugo lanzó", algo como "glória ao bravo povo que se livrou da opressão".
Os CDs, vendidos pelo equivalente a cerca de US$ 3, trazem temas de campanha e músicas de homenagem a Chávez, quase todos em ritmo de "reguetón", uma modalidade de arranjo popularesco que se espalha como praga pelos países de idioma espanhol da América Latina. As camisetas, com o presidente inserido no símbolo do Superman ou com a boina e a estrela vermelha que se tornou uma marca registrada de outro popstar do marketing esquerdista – o guerrilheiro cubano-argentino Ernesto Che Guevara – estão expostas ao lado de outras que trazem o logotipo de grifes famosas, nada socialistas.
