O projeto está sendo aplicado na 6ª Guarnição de Bombeiros, no Guatupê, em Curitiba, e já contou com a participação de 100 alunos. O trabalho compreende seções de relaxamento, autoconhecimento e preparo psicológico, que ajudam os bombeiros a suportar o volume de ocorrências durante as 24 horas em que ficam de plantão permanente.
Palestras sobre causas e efeitos de doenças do estresse e como controlar a tensão do dia-a-dia fazem parte do cronograma. “Com isso, estamos garantindo qualidade de vida para os bombeiros e bons resultados para a população, é o mínimo que podemos fazer” afirma o Comandante Uíraçu, da 6ª GB, que foi o primeiro a incentivar a atividade.
Resultados – Os resultados estão sendo tão positivos que o comando resolveu diminuir o prazo entre um encontro e outro. As aulas que aconteciam a cada 15 dias, agora serão realizadas duas vezes por semana.
O tenente Itamar Barreto da Motta, do Comando do Corpo de Bombeiros, conta que em apenas um sábado de plantão socorreu dois incêndios e um acidente em que quatro pessoas morreram carbonizadas. “Vinha de duas ocorrências difíceis, quando fomos alertados sobre o acidente, tivemos que quebrar o carro para retirar as vítimas, todos jovens”.
O tenente afirma que durante uma semana a cena voltava a sua cabeça. “E isso foi apenas em um dia de trabalho, imagine em um mês a quantidade de tensão acumulada. Nós precisamos deste tipo de atividade, estou me sentindo renovado”.
Todos que participam do programa estabelecem um contrato ético de não comentar fora de sala situações expostas durante as duas horas em que estão aprendendo a conhecer as suas potencialidades e resolver seus problemas. Problemas pessoais também são apresentados pelos pacientes.
Válvula de escape – O cabo Reni Fernandes de Oliveira diz que encontrou “uma válvula de escape” para a tensão do serviço: “Muitos de nós têm uma vida muito presa ao trabalho. Mas não podemos esquecer que temos uma família, amigos, toda uma sociedade a nossa volta”.
Além do programa antiestresse, o Serviço Social do Corpo de Bombeiros oferece tratamento psicológico e assistência social e religiosa aos agentes. Para evitar constrangimento, devido à hierarquia da profissão, o agente recebe atendimento direto com o psicólogo.
A participação fica a critério da pessoa. Só existe rigor quanto ao horário de plantão ou instrução, mas não existe uma obrigatoriedade. “Até porque um dos objetivos é descontrair a rígida disciplina que faz parte da rotina do profissional”, diz o segundo tenente Capriglione. Para ele, a tropa estava carente de um programa como este, que sempre foi requisitado.
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