O novo presidente da Bolívia, Evo Morales, primeiro indígena a ocupar o cargo no país andino, colhe os frutos da histórica reviravolta política. Foi recebido com todas as honras, em Madri, por uma farândola de personalidades que incluiu o rei, o presidente do governo, vários ministros e empresários de alto coturno.
Segundo os jornais, Evo compareceu a todos os encontros trajando camisa esporte. Gravata nem pensar, aumentando a polêmica mais quente nas ruas e cafés de La Paz – o cerimonial da posse – no qual muitos puristas defendem a idéia de o presidente participar em traje comum.
Na conversa com o presidente do governo José Zapatero, Morales ouviu atentamente a garantia do incremento de investimentos de empresários espanhóis na Bolívia, bem como a transformação de parte da dívida em fundos para projetos sociais, como a alfabetização.
Até o momento, são poucos os comentários sobre os encontros de Evo com Fidel Castro e Hugo Chávez e da provável formação duma frente antineoliberal na América Latina, assunto que incomoda certos círculos financeiros globais. Como o boliviano deverá ir nos próximos dias a Paris, Bruxelas, Johannesburgo, Brasília e Pequim, é possível que o assunto venha à baila.
O clima é de intensa expectativa na diplomacia ante o desenho da mudança nas regras do jogo por parte dos países interessados em investir na Bolívia, sobretudo com os rumores da nacionalização dos chamados hidrocarbonetos, a maior riqueza nacional.