Bom discípulo

Nova encenação de péssimo gosto tomou conta do Senado da República com o cabuloso desinteresse demonstrado por Gim Argello, suplente de Joaquim Roriz, de ocupar a fatídica poltrona. O problema é que o indigitado arrasta um fornido passivo de acusações e indícios de prática de ações incompatíveis com o chamado decoro parlamentar, à época em que presidiu a Câmara Distrital de Brasília.

A desculpa para a procrastinação, que a própria legislação permite estender-se por 90 dias, foi apresentada pelo advogado do futuro senador, Paulo Goyaz, para quem o único interessado é Renan Calheiros (PMDB-AL), invocada a presunção de que haveria um voto de cabresto a ser computado na patética batalha que, por sua vez, o presidente da Casa resolveu travar contra o bom senso e a decência.

Uma desonra a mais é lançada sobre a instituição, vilipendiada nos últimos tempos pela violação do segredo do painel eletrônico pelos senadores Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA) e José Roberto Arruda (PSDB-DF). Ambos renunciaram para não perder os direitos políticos: ACM voltou ao Senado e Arruda foi eleito governador do Distrito Federal.

O expediente da renúncia como mal menor foi também usado por Jader Barbalho (PMDB-PA), em seguida eleito para a Câmara dos Deputados. Agora foi a vez de Roriz mergulhar no bonançoso remanso da impunidade. Bom discípulo, Argello vai dar um tempo até a poeira baixar…

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