Bolsões de atraso

A política de câmbio, apesar das pressões de muitos setores atrelados à exportação de commodities e produtos manufaturados, insatisfeitos com a competitividade praticamente anulada no mercado internacional, segundo analistas consultados pelo mercado, é algo que veio para ficar.

Há poucos dias comentávamos que a revisão desse parâmetro passou a ser o anseio mais premente do setor produtivo, em especial dos ramos que sofreram as maiores quedas no resultado das vendas ao exterior. Na verdade, analistas enfatizam que o real acreditado em relação ao dólar é conseqüência direta das mudanças nos mecanismos de troca, com base nas modificações da estrutura da própria economia globalizada.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o câmbio no nível de R$ 2,20 ?não deve ser encarado como um fenômeno passageiro, mas sim como um preço ajustado em um novo patamar por razões fundamentais?. Em termos históricos, sustenta o Ibre, o nível real do câmbio, ?apesar de não apresentar a supervalorização a ele atribuída por alguns críticos, encontra-se nos níveis mais valorizados dos últimos 25 anos, excetuando-se o período do câmbio semifixo que se seguiu ao Plano Real?.

Os novos desafios do setor industrial brasileiro advêm da competição com produtos ?made in China?, sobretudo nos setores têxtil, calçadista, moveleiro e de brinquedos, entre outros, entre os quais a própria indústria automotiva, que poderá sofrer, no médio prazo, o mesmo impacto dos segmentos hoje agravados pela concorrência brutal.

Uma das opções disponíveis para atenuar o choque sobre determinados setores é a correção da estrutura das alíquotas de importação, com o objetivo específico de proteger àqueles mais intensivos na demanda de mão-de-obra, ou com maior vulnerabilidade aos efeitos do câmbio e à invasão de produtos chineses.

Qualquer que seja o caminho adotado, no entanto, e ao governo cabe o papel principal, o cuidado deve ser no sentido de promover o rompimento definitivo dos bolsões de atraso, travas homéricas no avanço da produtividade nacional.

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