Boliviano tranqüiliza distribuidoras de gás

Rio – O presidente da Superintendência de Hidrocarbonetos da Bolívia (equivalente, naquele país, à Agência Nacional do Petróleo, ANP), Victor Hugo Saenz, indicou, em reunião com distribuidoras de gás, que o mercado brasileiro terá atenção especial no processo de nacionalização das reservas bolivianas. "Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro", teria repetido mais de uma vez, segundo executivos que estiveram no encontro.

As declarações de Saenz foram classificadas como tranqüilizadoras por três pessoas que participaram da reunião, realizada na terça-feira da semana passada na sede da distribuidora CEG, no Rio. A avaliação geral é de que o discurso duro adotado semanas atrás pelo ministro dos Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, está sendo substituído por um tom mais conciliador. "Os bolivianos percebem que têm de ter cuidado com o mercado brasileiro", avaliou uma fonte.

O Brasil é o maior consumidor de gás boliviano e a tendência é de que o volume de importações cresça, já que as perspectivas de uso de energia térmica são grandes. A Transportadora Brasileira do Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) já iniciou um processo de expansão do duto, que vai demandar investimentos no desenvolvimento de reservas no país vizinho, já que a capacidade atual de produção está perto do limite.

Segundo fontes consultadas pela Agência Estado, Saenz evitou tecer comentários sobre a regulamentação da Lei dos Hidrocarbonetos, que deve ser publicada em decreto nos próximos dias. "Ele passou a maior parte do tempo ouvindo o que tínhamos a dizer", disse um dos presentes. Saenz trabalhava diretamente com o ministro dos Hidrocarbonetos, responsável pela elaboração do decreto, antes de assumir o cargo.

O encontro foi convocado pela Associação Brasileira das Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), que apresentou aos bolivianos dados sobre o mercado brasileiro. Estiveram presentes também representantes da Gas Transboliviano (GTB), operadora do trecho boliviano do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), que fizeram uma apresentação sobre o processo de expansão do duto já em curso.

Executivos das distribuidoras brasileiras alertaram o presidente da Superintendência de Hidrocarbonetos sobre a necessidade de uma solução rápida para o impasse entre o governo boliviano e as petroleiras que operam no país. As obras para ampliação do Gasbol são demoradas, argumentaram, e já em 2009 a Petrobras inicia a produção no campo gigante de Mexilhão, na Bacia de Santos, reduzindo mercado para o gás boliviano.

Em uma primeira fase, Mexilhão vai produzir 15 milhões de metros cúbicos por dia, volume equivalente ao estimado pelo mercado para a expansão do duto. "Dissemos a eles que a Bolívia pode perder uma janela de oportunidade se o processo de regulamentação da lei demorar muito", afirmou uma fonte.

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