Conflitos entre populações das províncias de Gran Chaco e O?Connor no Departamento de Tarija, no sul da Bolívia, provocaram a redução das exportações de gás para Brasil e Argentina. As duas províncias disputam a região de Chimeo e a arrecadação de US$ 10 milhões em royalties do petróleo e gás.
Com preferência sobre todos os contratos de exportação de gás boliviano, a Petrobras ainda não foi afetada, mas, desde ontem, a estatal boliviana YPFB suspendeu as entregas de 1,2 milhão de metros cúbicos por dia para a térmica de Cuiabá – que tem como fornecedora a companhia Andina – e de 600 mil metros cúbicos por dia para a britânica BG, que vende gás à paulista Comgás.
O corte para o Brasil, que totaliza 1,8 milhão de metros cúbicos por dia, representa apenas 7% do volume total de importações da Bolívia, em torno dos 26 milhões de metros cúbicos por dia. Por isso, o governo descarta impacto imediato no mercado brasileiro.
?Não há motivo para pânico, mesmo porque acreditamos que o governo boliviano conseguirá contornar a situação até domingo?, minimizou o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.
À noite, o Exército boliviano recuperou o controle da planta de Yabog, o que deve garantir a normalização do abastecimento à Argentina até o meio-dia deste sábado (21), segundo o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.
A Petrobras acionou um programa de economia de gás em suas unidades industriais, as primeiras a sofrer cortes no fornecimento em caso de racionamento.
?Estamos reduzindo os volumes de consumo interno?, afirmou o diretor de gás e energia da companhia, Ildo Sauer.
Sauer afirmou que, ao menos até segunda-feira, não haverá problema de fornecimento. ?Vamos acompanhar a situação no fim de semana e fazer uma reunião de reavaliação na segunda.? No mesmo dia, o governo boliviano se reúne com lideranças para tentar pôr fim ao conflito, que envolve a receita do campo gigante de Margarita, um dos maiores do país.
O conflito provocou a morte de um manifestante e o seqüestro de 60 policiais (que já foram liberados).
Na quinta-feira, manifestantes tomaram uma instalação da Transredes, que opera a rede de dutos de petróleo e gás na Bolívia, danificando equipamentos e instalações, o que impediu o escoamento do condensado – óleo extraído junto ao gás natural – do campo de San Antonio, operado pela Petrobrás Bolívia.
Sem capacidade de escoar o óleo, a empresa teve de reduzir a vazão dos poços de 10 milhões para 3,2 milhões de metros cúbicos. As vendas para a Argentina foram reduzidas em 5 milhões de metros cúbicos por dia.
