Bolívia evita bloqueio a repasse de gás ao Brasil

O governo boliviano afirmou que as instalações da Transredes, empresa exportadora de gás, não foram ocupadas por manifestantes e que o fornecimento está garantido. A remessa diária de gás para a Argentina foi alvo de violento protesto ontem por parte de manifestantes de Tarija, região sul da Bolívia, em Yacuíba. Havia ameaças de ocupação das instalações nesta quarta-feira (18), inclusive dirigidas à planta de extração operada pela Petrobras, também na região, e que repassa gás ao Brasil.

Fontes da Transredes, empresa subsidiária das multinacionais Ashmore e Shell, com sede na cidade de Santa Cruz, confirmaram que as operações de bombeamento de gás em Yacuíba "se mantêm normalmente", segundo agências internacionais de notícias. O porta-voz da Presidência da República, Alex Contreras, informou que foi retomada a calma na região e que, por determinação do presidente Evo Morales, o Exército foi enviado para "resguardar" as instalações locais.

Em entrevista coletiva à imprensa, o ministro de Defesa da Bolívia, Wálker San Miguel, disse que o Exército evitou a ocupação que os manifestantes pretendiam fazer hoje. Nas últimas horas, houve graves distúrbios nos escritórios da Transredes, mas os manifestantes "foram reprimidos e as instalações estão sob controle", afirmou o ministro, na sede do governo boliviano, em La Paz. San Miguel confirmou a morte de um civil no povoado de Villamontes, na mesma província, por causas que "ainda não foram determinadas", e disse que soldados foram feridos por pedras lançadas pelos manifestantes e que outros dois "estão desaparecidos" desde a noite.

Os choques entre o Exército e a população foram provocados quando os manifestantes da província boliviana de Gran Chaco tomaram a principal estação de bombeamento de gás natural para a Argentina. As rádios locais Erbol e Fides informaram que a tomada e o confronto deixaram um número indeterminado de civis feridos. O conflito, ainda segundo a imprensa local, agravou a situação na região, que observa uma disputa entre as províncias de Gran Chaco e a vizinha OConnor. Ambas estão no Departamento de Tarija.

As duas províncias disputam a posse de campos de gás natural existentes na região. Tarija, ao Sul da Bolívia, é o departamento com os maiores campos de gás. É lá que estão os dois megacampos operados pela Petrobras (San Alberto e San Antonio), ambos responsáveis por cerca de 80% do gás boliviano consumido pelo Brasil. Essa crise na região do Campo de Margarita cria um grande problema para a Bolívia.

Por esse campo passa o gás natural da Bolívia contratado pela estatal Enarsa (Energía Argentina), atualmente de cinco milhões de metros cúbicos diários, e que deve aumentar gradualmente até os 20 milhões a partir do próximo ano.

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