Um boletim divulgado na tarde de hoje pela Secretaria da Saúde apontou que agora são 63 casos de dengue autóctones (contraídos no próprio Estado) confirmados no Paraná. Até o momento as cidades que mais registraram casos estão na região Oeste e Norte: Paranavaí, Pato Bragado e Foz do Iguaçu. O calor fez com que os pontos de reprodução dos mosquitos, como garrafas, pneus e outros ficassem secos. Assim, o mosquito encontrou dentro das casas, nos vasos de plantas, locais seguros para reprodução. Com esse descuido da população, o mosquito conseguiu se reproduzir e aumentar os números de casos autóctones no Estado.
Outras três questões são apontadas como as principais responsáveis pelos casos. Em todo o Estado, um dos problemas apontado pela diretoria de Vigilância em Saúde e Pesquisa, da Secretaria da Saúde, é que parte dos trabalhos municipalizados da dengue, em alguns locais, foram desarticulados devido às eleições e troca de comando dos gestores. Alguns locais abandoaram o trabalho.
O outro ponto, daí reforçado principalmente na região Oeste do Estado, onde até agora o número de casos foi maior, o principal vilão é a seca, aliada ao calor. "Devido à seca, as pessoas acabam armazenando água em casa sem que haja proteção adequada", afirmou o diretor de Vigilância em Pesquisa da Secretaria, José Francisco Konolsaissen. Para ele, o período de tempo do maior perigo de contaminação continua principalmente durante as próximas cinco semanas. Depois desse prazo, os casos serão menos freqüentes. O último motivo são as fronteiras. Os locais onde se encontram a maioria dos casos são regiões de fronteira ou com o Paraguai ou com o Mato Grosso.
"Apesar do trabalho de prevenção e agora de combate ao mosquito, já esperávamos esse aumento, afinal a dengue é uma doença cíclica e todas as condições contribuíram para isso", disse Konolsaisen. "Ainda assim, estamos com pouquíssimos casos levando-se em consideração o calor e o fato de em 2003 termos registrados mais de nove mil casos autóctones". Havendo casos suspeitos, é feita a notificação pelas secretarias municipais de saúde que acionam todo um trabalho de mobilização para o combate à doença. A partir disso agentes bloqueiam a área da residência ou localidade suspeita em um raio de 300 metros.
Agentes visitam todas as residências verificando o estado de saúde das pessoas, para ver se apresentam sintomas da doença, fazem uma varredura em locais que podem dar condições de reprodução do mosquito e caso necessário inseticidas contra o mosquito são aplicados. Se o caso for confirmado, 100% da localidade passam por esses procedimentos.
Experiência paranaense no Nordeste – A parceria do governo com a iniciativa privada, que garantiu no Paraná a redução de quase 100% na incidência da dengue de 2003 para 2004 (48 casos), foi levada aos Estados do Nordeste. O governador Roberto Requião e o secretário Cláudio Xavier apresentaram no início desta semana aos Estados da Paraíba e de Pernambuco as ações desenvolvidas pelo governo e o Projeto Paraná Rodando Limpo, que já retirou da natureza 8 milhões de pneus inservíveis, promovendo a reciclagem do material.