O projeto que prevê a reestruturação do setor de comunicação vai liberar no máximo R$ 4 bilhões, que serão repassados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio de outros agentes financeiros. A informação foi dada nesta quarta-feira pelo vice-presidente da instituição, Darc Costa, durante audiência na Comissão de Educação do Senado.

Segundo o dirigente, em uma avaliação preliminar, o BNDES constatou que juntos emissoras de rádio e de televisão, jornais e revistas têm uma dívida orçada em R$ 10 bilhões. De acordo com Darc Costa, o banco não fará nenhuma ?operação direta? para repasse de recursos. Devido ao elevado volume de dívidas do setor com credores nacionais e internacionais, caso o repasse seja aprovado, ele será feito por meio de outros agentes. ?Repassando nossos próprios recursos, não há operação direta para grupo algum?, frisou.

De acordo com Darc Costa, somente as instituições que apresentarem bons projetos serão beneficiadas, caso a linha de crédito seja realmente aprovada. ?Temos que ter bons projetos?, disse.

O dirigente acrescentou que o BNDES não recebe ?prato-feito? e tem um corpo técnico para se debruçar sobre qualquer tema a fim de que o banco faça a sua própria proposta. A afirmação foi feita como resposta às críticas de representantes de redes de comunicação presentes na audiência, que alegaram que o BNDES não pode servir de ?pronto socorro?, para ajudar grupos de comunicação.

As próprias emissoras não chegam a um consenso em relação à liberação de recursos do BNDES para comunicação. As emissoras Rede Globo e Rede Bandeirantes acordaram que o financiamento é importante para o setor. Entretanto, Record, Rede TV e o Sistema Brasileira de Televisão (SBT) se manifestaram contra a idéia durante a audiência no Senado.

?É um absurdo o uso do dinheiro do BNDES para o pagamento de qualquer dívida?, afirmou o presidente da rádio e TV Record, Dennis Munhoz, referindo-se a possibilidade de que os recursos sejam usados para o pagamento da dívida da Rede Globo de Televisão.

Por outro lado, o diretor de Relações Institucionais das Organizações Globo, Evandro Guimarães, disse que o BNDES já fomentou com a liberação de recursos diversos outros setores desde 1998 e somente a mídia foi excluída: ?somos uma empresa que exporta para 100 países. Produzimos e nos endividamos para isso. Se a empresa tem dívidas é porque investiu e se dispõe a pagar suas dívidas?, justificou.

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