O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está decidido a liderar o processo de expansão de usinas de álcool, com financiamento de até R$ 10 bilhões do montante necessário para a instalação das novas unidades de produção. O restante dos recursos deverá vir da iniciativa privada nacional e internacional, além de bancos regionais de fomento, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Japan Bank for International Cooperation (JBIC).
A velocidade desse movimento começa a ser sentida pelos fabricantes de bens de capital, que têm levado pelo menos um ano e meio para fazer entregas de equipamentos, contam especialistas. O BNDES, por sua vez, tem em carteira 90 projetos em análise ou execução. A maior parte das usinas em operação está concentrada no Estado de São Paulo, mas o objetivo é ampliar o parque produtor para Minas e Estados do Centro-Oeste e Nordeste.
Segundo o consultor Maurílio Biagi Filho, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, com a expansão da demanda interna de etanol em torno de 10% ao ano, será preciso produzir 30 bilhões de litros de etanol até 2012. No ano passado, foram 17,4 bilhões de litros.
O lote de novas usinas deverá adicionar 8 bilhões de litros por ano à produção de etanol. O papel do BNDES não se restringirá ao de agente financeiro. Ele já negocia participação acionária de até 30% – fatia máxima em suas associações – em alguns projetos para impulsionar a expansão do setor. Com isso, vislumbra o lançamento de ações em Bolsa de novas empresas, que serão criadas ainda este ano.
O objetivo é estimular a formação de um novo bloco no mercado de capitais: o das companhias com planos de negócios rentáveis de etanol, também exportado para países que estão aumentando sua mistura com a gasolina, como EUA, Japão e China. Em 2006, o País exportou 3,4 bilhões de litros do combustível.
"O banco acha que pode se associar à rentabilidade do projeto. E quando entra de sócio, não é empréstimo. O retorno é no lucro", afirma o assessor da presidência do BNDES, Carlos Gastaldoni. Ele diz que o banco enxerga na visita do presidente americano George W. Bush, que chega na quinta-feira ao País, uma oportunidade de discutir a iminência de o combustível se tornar uma commodity – matéria prima comercializada em larga escala – internacional. Os projetos de etanol ocupam a lista de prioridades na pauta de Bush, em sua passagem pelo Brasil.
O presidente do BNDES, Demian Fiocca, diz que o banco não quer competir no mercado de etanol, mas incentivar, como acionista minoritário, os investimentos no setor. "Quanto mais empresas do setor se capacitarem a abrir capital, maior e melhor será o nosso mercado.