BNDES promove debate sobre microcrédito

Estudos apresentados por bancos oficiais, nesta terça-feira (6), no Rio de Janeiro, demonstram que parte da população sente medo de passar pela porta giratória das agências e acredita na idéia de que o crédito bancário só é acessível para quem já tem dinheiro. Esses assuntos estão na pauta de discussão do seminário ‘Desafio Microcrédito Produtivo Orientado’.

A proposta deste seminário, organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na própria sede do banco do centro do Rio, é fazer um balanço do que aconteceu no País com a lei que instituiu o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) e que regula a concessão do microcrédito, aprovada em abril passado.

Como anfitrião do encontro, coube ao BNDES abrir a discussão no painel ‘Balanço e Perspectivas do Programa Banco para Todos’. A chefe do Departamento de Economia Solidária, Ana Cristina Rodrigues da Costa, disse que o BNDES atuava praticamente sozinho nesta área desde de 1996 e que nestes sete anos foram desembolsados R$ 45, 5 milhões. Desde a aprovação da lei, no entanto, já foram fechados quatro contratos que totalizam R$ 17 milhões e existe uma carteira potencial de R$ 71 milhões, o que demonstra, segundo ela, o quando a demanda estava reprimida.

"Hoje, ampliamos o nosso raio de ação com a entrada em cena dos bancos, de agências de fomento, cooperativas e outras instituições públicas, o que significa que ficou mais fácil o contato entre o agente de crédito e o microempreendendor", diz ela.

Do painel da manhã que abriu o seminário no BNDES participaram Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia. Os representantes dessas instituições mostraram os produtos que foram lançados especificamente para este segmento e no balanço dos resultados se mostraram otimistas com esta nova fatia de clientes.

Uma das afirmações mais repetidas pelos palestrantes é que o resgate da pobreza não se alcança apenas com empréstimo financeiro e que o crédito é conseqüência da inclusão bancária. Para criar uma ponte com este público, os bancos estão trabalhando para ampliar o raio de ação ao fechar parcerias com empresas que possam atuar como correspondentes bancários, a exemplo do modelo já implantado nas loterias que aceita pagamento de diversas contas, entre outros serviços.

Outra idéia é fazer com que pessoas que usam cartões magnéticos para receber benefícios sociais possam virar clientes. "As pessoas de baixa renda têm as mesmas necessidades das outras, mas precisam de produtos que atendam as suas necessidades específicas. Por isso, precisamos desenvolver produtos específicos para que elas possam sair da condição de assistencialismo para a de auto-sustentabilidade", disse Carlos Nesello da Caixa, resumindo o pensamento comum a todos.

Para alcançar esta meta, o papel do Sebrae é visto como fundamental. Marcelo Azevedo, do Banco do Nordeste, citou a parceria feita com o Sebrae com o programa ‘Aprender a Empreender’ e que deu resultados significativos já que o microcrédito não se trata apenas de desembolso financeiro, mas de uma possibilidade real de mudança na vida de milhões de brasileiros.

"O Sebrae é importante tanto no apoio ao empreendedor como para as instituiçõoes de microcrédito porque atua na capacitação e no fortalecimento institucional, ou seja, está nas duas pontas resume Ana Cristina Rodrigues da Costa, chefe do Departamento de Economia Solidária do BNDES.

Nos dois painéis que acontecem ainda nesta terça-feira, o Sebrae Nacional está representado pelo gerente da Unidade de Acesso a Serviços Financeiros, Carlos Alberto dos Santos. Com outros especialistas e representantes do governo federal, ele vai discutir a importância do fortalecimento institucional para o desenvolvimento do microcrédito produtivo orientado e as ferramentas e metodologias que estão sendo desenvolvidas.

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