Rio – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda a abertura de uma linha de financiamento para a importação de maquinário para cadeias produtivas nacionais. O banco, que vem atuando basicamente no financiamento para produção local e exportações, analisa a concessão de crédito para compra de equipamentos no exterior sem similar nacional, visando à modernização de cadeias setoriais e eficiência da economia.
Um dos projetos em análise é voltado para a compra de máquinas de costura industrial para o setor de confecções, principalmente para as pequenas e médias empresas. Na prática, estas firmas não têm crédito adequado para fazer estas importações e acabam, muitas das vezes, comprando produtos de segunda mão, atrasados tecnologicamente e com condições pouco adequadas de financiamento para a aquisição.
O banco não revelou detalhes do novo formato de financiamento. Sabe-se, contudo, que outros setores serão beneficiados com a concessão de créditos para a compra de equipamentos no exterior. A expectativa é de que o assunto seja definido em dois meses. Provavelmente, a discussão envolverá outros órgãos do governo, como no caso do tratamento de tarifas de importação desses produtos.
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, comentou que a linha em estudo pelo BNDES é bem-vinda. Segundo Castro, ao financiar importação de equipamento sem similar nacional, pequenas e médias empresas poderão ter acesso a novas tecnologias, aumentar a produtividade e fortalecer seu negócio. Indiretamente, isso pode levar a uma maior inserção no mercado internacional – "se o câmbio deixar", ponderou.
No caso do setor têxtil, o assunto vem sendo discutido com o BNDES nos últimos seis meses, disse o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), Fernando Pimentel. Ele informou que não há produção desse tipo de máquina de costura industrial no País.
A entidade também indicou que, caso seja definida, a linha deverá fazer parte de um programa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, para fortalecer a confecção nacional. O objetivo do programa, que poderá estar definido até o fim de fevereiro, é tratar de inovação tecnológica, capacitação, pesquisa e desenvolvimento de produtos.