Os grupos de comunicação representados pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), Associação Nacional de Editoras de Revistas (Aner) e Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) enviaram carta ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, manifestando o desinteresse “no prosseguimento do exame do programa de fortalecimento das empresas do setor”. Por meio da assessoria de imprensa, Lessa acusou o recebimento da carta.
A decisão dos associados das entidades que representam o segmento de mídia, explicou o presidente da ANJ, Francisco Mesquita Neto, é decorrente do ofício enviado por Lessa ao senador Osmar Dias (PP-PR), presidente da Comissão de Educação do Senado. Nesse ofício, Lessa apresenta o projeto do BNDES para o fortalecimento das empresas de comunicação por meio de crédito de R$ 2 bilhões para capital de giro e de R$ 2 bilhões para modernização. Ontem, essa comissão criou um grupo para avaliar a proposta do BNDES.
Francisco Mesquita Neto diz, porém, que as condições para obtenção desses créditos, incluindo o prazo de 5 anos, são inferiores às oferecidas para outros setores da economia. “O que não significa que, individualmente, alguma empresa de comunicação do País não possa pleitear o financiamento, uma vez que a restrição de crédito do BNDES às empresas de comunicação foi removida”. O presidente da ANJ avalia que, após as negociações com o BNDES, que puseram fim a essa restrição, os resultados se mostraram insuficientes.
Primeiro, diz Francisco Mesquita Neto, porque “o banco levou muito tempo para apresentar uma proposta; segundo, porque o teor dessa proposta ainda mantém as empresas do setor em condições desfavoráveis quanto a prazo e limitação de recursos para a carteira”.
Para Francisco Mesquita Neto, “houve um desgaste muito grande para o setor, para a imagem dos meios de comunicação, num processo em que se pleiteava apenas um tratamento isonômico por parte do banco para essas empresas e não vantagens em relação a outros segmentos da economia”.
Já o tempo gasto na avaliação desse programa, diz Francisco Mesquita Neto, fez com que as maiores empresas do setor de mídia encontrassem soluções próprias para equacionar dívidas, como ocorreu com os grupos Abril, Globo, Estado e Folha.
A carta enviada a Lessa agradece aos técnicos que se dedicaram a avaliar o projeto apresentado em nome da mídia pela economista Maria Silva Bastos Marques, ex-diretora do BNDES e ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, que foi contratada no início do ano passado para elaborar o programa que permitiria aos meios de comunicação o acesso às linhas de crédito do banco tanto para modernização do parque industrial como para capital de giro.
Reprodução do jornal O Estado de S.Paulo do dia 15 de julho de 2004.