Às vésperas da eleição presidencial, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) detonou uma série de "pacotes de bondades setoriais". O banco está disposto a financiar R$ 35,8 bilhões em projetos industriais no período de 2007 a 2010. No total, esses projetos envolvem cerca de R$ 84 bilhões. O anúncio, ontem, pelo Conselho Monetário Nacional, de mais uma queda na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) juntou-se às "boas-novas" do banco estatal.

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O presidente do BNDES, Demian Fiocca, submeteu-se a uma maratona de entrevistas coletivas. Foram quatro anúncios em sete dias, a maior parte deles esta semana: de segunda a ontem, foram divulgações diárias. A lista começou com o setor de papel e celulose, com investimentos previstos de R$ 20 bilhões; depois veio mineração e siderurgia, com R$ 46,4 bilhões; o setor elétrico ganhou um pacote de redução de juros e, por fim, a petroquímica, cujos investimentos estão orçados em R$ 17,6 bilhões. Segundo a assessoria do banco, não havia anúncios previstos para hoje e amanhã, antevéspera da votação eleitoral.

Do total de investimentos para os três setores citados, o banco se propõe a financiar R$ 35,8 bilhões. Mas a magnitude das cifras, mesmo distribuídas por quatro anos, destoa do desempenho do banco este ano: de janeiro a agosto, foram liberados R$ 27,5 bilhões, pouco menos da metade do orçamento disponível, de R$ 60 bilhões. A indústria está tendo uma demanda maior nos desembolsos, em relação ao ano passado, mas o aumento é apenas de 3%; comércio e serviços também registraram crescimento de 4% nas liberações. Em contrapartida, as quedas nas liberações para agropecuária (22%) e infra-estrutura (12%) foram bem expressivas no período.

Fiocca, que ontem anunciou as medidas para o setor petroquímico, tentou desvincular do processo eleitoral as divulgações em série. "Não tem nada a ver (com as eleições)", afirmou, lembrando que desde o ano passado, quando o banco era presidido pelo atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, o BNDES vem preparando estudos sobre os setores que mais estão preparando investimentos: papel e celulose, siderurgia e química e petroquímica. Segundo Fiocca, a divulgação "já estava programada há meses". No entanto, a imprensa foi avisada das entrevistas horas antes de serem realizadas.

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O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Nilton de Mello, classificou os pacotes do BNDES como "medidas de gestão". "Fiocca está ansioso para liberar mais empréstimos e está aproveitando a oportunidade", disse.