BNDES deve liberar US$ 1 bi para cadeia do álcool

O superintendente da área industrial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Gastaldoni, disse que os desembolsos da instituição para a cadeia do álcool deverão totalizar o equivalente a US$ 1 bilhão em 2006, ou mais que o dobro dos cerca de US$ 400 milhões desembolsados em 2005.

Em palestra no Simpósio Internacional de Álcool Combustível, que ocorre desta segunda-feira (27) a quarta-feira no Rio, ele disse que o etanol é uma "grande oportunidade" para o Brasil, por causa da elevada produtividade na cultura da cana-de-açúcar e o desenvolvimento tecnológico das usinas de álcool e da mistura de combustíveis.

Segundo Gastaldoni, o País tem hoje 335 usinas em produção; 5,5 milhões de hectares plantados de cana-de-açúcar e produção de 16 5 bilhões de litros de álcool. Sua estimativa é que a produção de álcool chegue a 27 bilhões de litros em 2010. "Desse total, as exportações continuarão pequenas e as vendas estarão concentradas no mercado interno", avalia.

Ainda de acordo com o superintendente do BNDES, há necessidade de 100 novas usinas no Brasil até 2010 para uma produção adicional de 8 bilhões de litros de álcool. Segundo ele, esses novos projetos, mesmo que voltados para o mercado interno, têm que apresentar padrões tecnológicos internacionais para receber apoio do banco. "O BNDES está priorizando o apoio financeiro para toda a cadeia do setor", disse.

Mercado global

No evento, o economista do Banco Mundial Octaviano Canuto disse que a criação de um mercado global de etanol é a única maneira de garantir que os grandes produtores, como Brasil e Estados Unidos, tenham um produto "que transcenda os mercados nacionais". Ele afirmou que a formação desse mercado global exigirá a formatação de normas e regras internacionais, com parcerias externas. "Ninguém fará uma aposta em política energética de longo prazo para ficar dependente de dois países fornecedores", disse, acrescentando que, nesse cenário, não há como o Brasil se tornar "o" fornecedor de etanol mundial.

Canuto disse acreditar que países como o Brasil e os Estados Unidos "vão ter que se defrontar com o fato que podem construir programas nacionais (de etanol), mas se querem construir um mercado global, isso será muito diferente".

Segundo ele, as incertezas dos investidores internacionais, devido à restrição de países fornecedores do produto, permanecem mesmo com a perspectiva de facilidade de financiamento, inclusive de instituições como o Banco Mundial, para infra-estrutura e logística. "É um debate nacional que haverá em países como Estados Unidos e Brasil para definir se em algum momento querem partir para o mercado global, o que exigirá tarefas muito diferentes da consolidação dos mercados nacionais" afirmou.

Canuto disse também que atualmente, no Brasil, "em termos estritamente econômicos, sem subsídios", é possível a produção competitiva de álcool com o barril do petróleo cotado acima de US$ 42.

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