Rio (AE) – O primeiro mês do ano marcou a volta
dos grandes projetos industriais ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES). Hoje (18), o banco divulgou um crescimento total de 69% nos
desembolsos em janeiro, ante igual mês de 2004. O aumento foi puxado
especialmente por projetos nas áreas de infra-estrutura (186%) e indústria
(89%).

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A indústria tem sido o grande diferencial no desempenho do banco.
Dos R$ 3,791 bilhões liberados em janeiro, 56%, ou R$ 2,11 bilhões, foram
destinados ao setor, que no ano passado teve demanda muito fraca e foi um dos
principais responsáveis pelo descumprimento do orçamento. Enquanto todos os
outros setores elevaram o montante de financiamento no banco, a indústria
reduziu. Este ano, ao que parece, a curva deve ser revertida.

"O clima é
de retorno dos grandes projetos", comemorou o superintendente de Planejamento da
instituição, Aluysio Austi. Na sua avaliação, a retomada crescente da confiança
dos empresários na economia do País, que começou a partir do segundo semestre de
2004, agora já se reflete nos números do BNDES. "Há uma confirmação da tendência
de crescimento de desembolsos, operações de enquadramento de projetos e
consultas. A perspectiva é de que a demanda continue nesse patamar e crescendo",
disse.

Austi afirmou que os dados de janeiro indicam que não deve haver
dificuldades para o cumprimento do orçamento, que este ano é de R$ 60 bilhões.
Em 2004, 15% dos recursos de R$ 47 3 bilhões colocados à disposição das empresas
sobraram no caixa do banco. Segundo ele, a "sobra" de R$ 7,3 bilhões deveu-se à
baixa procura por financiamentos para grandes projetos. "O crescimento está
convergindo para o cumprimento do orçamento. O ano está começando em outro
patamar (de crescimento) e indica que as expectativas do banco poderão ser
cumpridas", disse o superintendente.

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Ele explicou que a expectativa é de
que a indústria e infra-estrutura liderem o crescimento de desembolsos em 2005,
como já ocorreu em janeiro. Segundo Austi, "o crescimento mais vigoroso deve
mesmo ser da indústria porque os grandes projetos industriais começam a
aparecer, especialmente em setores de insumos básicos, como celulose e
siderurgia. São projetos muito grandes", explicou. Ele disse que esses projetos
começam a chegar formalmente ao banco ou através de empresas que já estão
procurando a instituição, informando que levarão propostas para
análise.

Infra-estrutura – Do total de desembolsos do BNDES, o setor de
infra-estrutura ficou na segunda posição, com fatia de 27% (R$ 1,011 bilhão).
Depois veio o setor de agropecuária, que recebeu 13% (R$ 499 milhões), seguido
pelo setor de comércio e serviços, com fatia de 4% (R$ 159 milhões).

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O
banco registrou, no entanto, queda de 60% na apresentação de cartas-consulta
para financiamento em janeiro ante igual mês em 2004. As cartas-consulta, que
funcionam como uma espécie de termômetro da intenção do empresariado em
investir, totalizaram R$ 3,572 bilhões em janeiro. Segundo Austi esse é um
comportamento sazonal, não constitui uma tendência e deverá se reverter nos
próximos meses.