A decisão judicial de determinar o bloqueio do site de vídeos YouTube foi "exagerada", avaliou o coordenador de projeto do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), James Gorgen. ?Essa decisão foi um pouco exagerada por tirar todo o site do ar em virtude um problema?.
Duas operadoras de telecomunicação chegaram a bloquear no Brasil o acesso dos internautas ao site, cumprindo a decisão do Tribunal e Justiça de São Paulo resultante de processo movido pela apresentadora Daniella Cicarelli para proibir a exibição de um vídeo com cenas íntimas entre ela e o namorado em uma praia na Espanha. A determinação, porém, foi revogada nesta terça-feira (9), pelo desembargador Ênio Santarelli Zuliani.
Apesar do considerado exagero, o coordenador da Epcom defende que os casos que se referem à divulgação de imagens e informações na internet devem, assim como nos demais veículos de comunicação, obedecer às leis brasileiras. ?Não vemos problema em relação às questões tanto de direito a privacidade quanto liberdade de expressão obedeceram à leis brasileiras. Não há por que a justiça desconsiderar isso, ou aliviar qualquer decisão por se tratar da internet. Ela não está acima de qualquer meio de difusão de idéias que existe?.
A questão levanta ainda a discussão sobre a exposição de figuras públicas, afirma Gorgen. Ele lembra que, além da modelo ser mundialmente conhecida, estava em um local público. E questiona: ?Até que ponto a exposição de pessoas públicas é provocada por elas e até onde é abuso??
Para o presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet, Antônio Tavares, o bloqueio foi uma atitude precipitada que pode ser interpretada como censura. ?Nos preocupa que essa decisão colocou o Brasil a nível de algumas más companhias de internet que fazem censura de site. Parece que o clamor público fez o bom senso retornar, embora paire ainda a ameaça de que algo possa acontecer?, afirma.