Racionamentos de farinha e ameaças latentes de desabastecimento de produtos básicos e combustível se aprofundaram nesta quinta-feria (12) na Argentina, devido aos bloqueios de estradas feitos pelos transportadores, que devem decidir hoje se continuam os protestos.
"Tomara que possamos voltar a trabalhar. Não depende só de nós", disse o presidente da Confederação Argentina do Transporte Automotor de Cargas, Rubén Agugliaro.
Os transportadores realizam piquetes em estradas de todo o país em protesto contra o conflito entre ruralistas e governo nacional e que, segundo afirmam, os impede de trabalhar por estar paralisado o comércio de grãos. Uma assembléia da entidade decide hoje a continuidade ou não do protesto.
A paralisação dos transportadores já fez sentir suas conseqüências em vários pontos do país. Os postos de gasolina da província andina de Catamarca, noroeste, começarão a expender suas reservas que se esgotarão hoje, segundo porta-vozes do setor.
O presidente da Federação da Indústria do Pão e Afins, Rubén Salvio, advertiu que a entrega de farinha às padarias começou a ser racionada, e anunciou que a situação "modificará os valores" do pão.
"Quando tudo isso começou [devido ao conflito do governo com o campo] começamos pondo postos de distribuição de farinha em vários lugares, mas foram se fechando à medida que cresceu o desabastecimento e a farinha não chegava", disse a uma rádio local.
"Agora com o tema dos caminhões [que bloqueiam as estradas] isso se agravou totalmente, fecharam a metade dos moinhos, ficaram só os moinhos maiores, mas não bastam para abastecer", declarou.
O conflito também afeta os chamados "supermercados chineses", pequenos estabelecimentos comerciais gerenciados pela comunidade chinesa em todo o país.
A presidente da Câmara Empresarial de Desenvolvimento Argentino e Países do Sudeste Asiático, Yolanda Durán, disse que "os empresários de supermercados chineses não conseguem repor o estoque de produtos de primeira necessidade".
"A situação piora no interior, onde se registra mais falta de mercadorias devido ao bloqueio de estradas", disse.