Bispo diz que tentativa de impeachment contra Lula é golpe de direita

O bispo de Jales, d. Demetrio Valentini, classificou como "golpe de direita" qualquer tentativa para iniciar um processo de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na defesa do governo, d. Demétrio argumentou que, apesar de todas as falhas do governo, o apoio popular ao presidente persiste.

"Nós também estamos decepcionados com o governo, mas a solução não é tirá-lo de lá", argumentou. O bispo, que esteve à frente da Assembléia Popular Nacional, um evento de três dias que reuniu vários movimentos sociais, disse ser inadmissível fazer um paralelo entre o ex-presidente Fernando Collor de Mello e Lula. "Não há como comparar uma cena do passado com a atual", disse.

Nos últimos dias, a movimentação de partidos de oposição contra o governo Lula tem se intensificado. Um dos últimos lances é a organização, pelo PFL, de uma reunião extraordinária, prevista para segunda semana de novembro, para discutir uma queixa-crime contra o presidente, por crime eleitoral. Integrantes do partido adiantam que a reunião será apenas para formalizar uma decisão que já está tomada.

A defesa de d. Valentini do presidente confirma o tom ameno que movimentos sociais adotaram nos três dias de assembléia. Hoje (28), encerramento do encontro, integrantes da assembléia divulgaram uma carta, intitulada Mutirão por um Novo Brasil. No documento, somente depois de elencar oito ítens de prioridades, como luta contra trabalho infantil, distorções do sistema tributário e altas taxas de juros é que integrantes da Assembléia fazem referência às denúncias de corrupção. Na carta, movimentos populares pedem comportamento transparente e ético de todas as pessoas responsáveis por serviços públicos e "a apuração completa de todas as denúncias de corrupção e ressarcimento dos recursos desviados dos cofres públicos."

Na avaliação de d. Demétrio, a agenda dos movimentos populares agora "vai além da agenda dos políticos." "O encontro que fizemos reacendeu a esperança do povo. Foi um espetáculo bonito, o símbolo da retomada da cidadania." E, como mostra da mudança, está a lista de preocupações dos movimentos. Entre os principais temas, meio ambiente, acesso e preservação de recursos hídricos.

Para o líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, um dos principais resultados da reunião foi o fato de movimentos sociais agora definirem uma agenda única de luta. "Traçamos um calendário extenso para o próximo ano", afirma. "Não viemos aqui para discutir eleição. Mas, em conjunto so problemas sociais que todos temos."

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