Segundo o bispo, a ordem para que o pastor assumisse a negociação partiu do secretário estadual de Segurança Pública do RJ, Anthony Garotinho, que é evangélico.
“Nós não sabemos, ainda, o que está por detrás. Ele (o pastor Marcos) não participou das negociações e, quando os negociadores já tinham feito quase todo o trabalho, chegou e disse que ia resolver”, afirmou dom Dimas. O bispo esteve em Benfica nos dois últimos dias da rebelião.
Além da Pastoral, participavam das conversas representantes da Secretaria de Direitos Humanos, da Defensoria Pública, da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e do Conselho da Comunidade.
“Não participamos das negociações técnicas, feitas por profissionais. Negociávamos nos bastidores, tentando impedir por exemplo que houvesse uma invasão”, explicou o religioso.
Helicóptero – “No último momento, quando tudo já estava pronto para fechar as negociações, desceu o helicóptero com o pastor e dois comandantes da PM”, relatou o bispo. Perguntado se Garotinho participou do comando das negociações, dom Dimas disse que sim. “Pelas informações que tivemos de pessoas ligadas ao comando da polícia, sim.” A polícia teria informado também que foi de Garotinho a ordem para que os representantes da pastoral e demais entidades deixassem o local.
“Várias vezes fomos convidados a nos retirar e no fim tivemos que sair.” O bispo lembrou que, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, pelo menos 30% da população carcerária que disse ter religião se declarou católica. Ele explicou que a pastoral tem dificuldade para executar seu trabalho porque apenas seis representantes de cada religião podem se credenciar nos presídios da capital e somente três deles entram na unidade por vez. Como o número de igrejas evangélicas é grande, há muito mais representantes desses credos atuando nas prisões. “Há uma desproporção. Como as igrejas evangélicas são pequenas e se multiplicam às dezenas, a possibilidade de agentes evangélicos lá dentro se multiplica muito.”
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