Brasília – O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou que os documentos que já estão em poder da comissão e os depoimentos prestados hoje (4) revelam que há, sim, "indícios suficientes" de participação de um número elevado de parlamentares no esquema de compra superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento. O esquema foi descoberto recentemente pela Polícia Federal.
Biscaia fez a afirmação em entrevista logo após os depoimentos dados pelo procurador da República em Mato Grosso, Mario Lúcio Avelar, e do delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Tardelli Boaventura, que ocorreram a portas fechadas.
Conforme revelou Biscaia, no depoimento, o procurador e o delegado traçaram um roteiro das atividades crimininosas investigadas por eles e apresentaram planilhas e documentos que comprovam "tudo aquilo que, de alguma forma, já estava sendo objeto de investigação". Biscaia acredita que, cada vez mais, os trabalhos da CPI têm de se sustentar na documentação já existente sofre o fato.
Ele voltou a afirmar que a CPMI dos Sanguessugas vai apresentar, num prazo de 60 dias, um resultado concreto de seus trabalhos. Indagado se a comissão iria também investigar o possível envolvimento de funcionários dos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia no esquema, Biscaia respondeu: "No prazo estipulado, vamos apresentar um resultado com relação às ambulâncias, o que não impedirá que, depois desse resultado, possamos prosseguir com os outros fatos que estão sendo revelados".
Também hoje, o vice-presidente da CPMI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), revelou que o grupo descoberto pela Polícia Federal não atuava apenas no Ministério da Saúde, fraudando a compra de ambulâncias com recursos de emendas ao Orçamento Geral da União.
De acordo com Jungmann, os criminosos também agiam no Ministério da Educação, influenciando a compra de transporte escolar para prefeituras financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); e no Ministério de Ciência e Tecnologia, no que diz respeito às verbas destinadas à inclusão digital.
