Biscaia acredita que tem prova suficiente para responsabilizar parlamentares

Brasília – Após sete horas de depoimento do empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, sócio da Planam, o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), avaliou que os detalhes são ?suficientes? para responsabilizar um ?grande número? de deputados e senadores investigados por fraudes na compra superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento.

?Para mim, foi uma confirmação da prova que já é suficiente para responsabilizar um elevado número de parlamentares. Eu acho que isso é inquestionável, mas não posso agora dizer exatamente quantos são?, disse o deputado ao final do depoimento, que aconteceu na sede da Polícia Federal, em Brasília. ?Não se admite que os parlamentares sejam sócios de emendas do orçamento. Isso é inadmissível.?

Segundo Biscaia, Vedoin disse que vários parlamentares participaram de reuniões para discutir valores de propina e elaboração de emendas. ?Evidentemente, é uma reunião organizada para um esquema de corrupção e de utilização de emendas parlamentares. Eu tenho avaliação de que esse parlamentar que participou da reunião está incriminado, sem dúvida alguma. Mas vamos aguardar o relatório, que será apresentado de acordo com a convicção da relatoria?, esclareceu.

Biscaia disse ainda que Vedoim detalhou como funcionavam as fraudes e disse que a participação no esquema era uma ?questão de disputa de mercado?. "Se ele não agisse dessa maneira, não conseguiria avançar como atividade comercial?, relatou o deputado em referência ao depoimento do empresário.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) disse que, segundo Vedoim, a Planam queria ampliar a área de atuação passando a agir, também, no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). ?Ele disse que já estava saturado o mercado de ambulâncias e ia começar a atuar na área de inclusão digital quando o esquema foi descoberto?, disse.

No depoimento, surgiram também os nomes de outras empresas que atuavam da mesma forma que a Planam. Entre elas, a empresa KM, que em Pernambuco atuava na área do MCT. ?Em alguns estados nós não encontramos a Planam. Vedoim nos disse que era porque havia atuação de outras empresas. Uma não entrava no mercado da outra?, explicou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). O presidente da CPI disse que essas empresas serão investigadas na segunda fase dos trabalhos.

Na próxima quinta-feira, a CPI vai apresentar o relatório parcial da primeira fase dos trabalhos. Nele estarão os nomes dos parlamentares acusados de envolvimento com as fraudes.

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