O Banco de Compensações Internacionais (BIS, o banco central dos bancos centrais) destaca a confiança dos mercados em relação às economias emergentes. Em seu relatório publicado hoje, a entidade aponta para um aumento da exposição de bancos internacionais à América Latina, para o aumento do apetite de investidores e para a volta das emissões de papeis da região no mercado. O banco, porém, insinua que declarações de governos populistas na América Latina ainda significam riscos para a estabilidade.
Um exemplo seria o caso do Equador e a declaração do presidente eleito, Rafael Correa, de que promoveria um default como na Argentina. O risco país passou a marca dos 600 pontos após a vitória de Correa, no final do mês passado, mostrando a volatilidade dos mercados em relação a propostas dessa natureza.
Salvo no caso de certos governos populistas na América Latina, porém, a situação dos mercados emergentes é tida como confortável e o risco dessas economias teria sofrido uma queda no terceiro trimestre do ano. Nem mesmo a crise política na Hungria e golpe de estado na Tailândia, fatores que levaram a um aumento do risco, tiveram efeitos prolongados.
Para o BIS, a direção da economia americana parece ter tido um maior impacto nos investidores que esses eventos localizados. Depois de rumores de uma possível recessão, a perspectiva de uma desaceleração suave na economia americana em 2007 seria um fator positivo para a situação dos mercados emergentes.
Segundo o BIS, há uma aposta que o crescimento nessas economias continue forte. Um dos indicadores dessa confiança seria o retorno de investidores para fundos de países emergentes. Ainda que o volume seja menor que em 2005, a tendência agora não é mais a de saída de divisas, como ocorreu em julho. Nem mesmo as perdas de cerca de US$ 6 bilhões de fundos com as crises na Hungria e Tailândia em setembro afetaram a confiança os mercados o que demonstra o apetite dos investidores, segundo o BIS.
Outro teste para a confiança ocorreu no final de novembro, com a variação do dólar. Apesar de a volatilidade ter registrado um aumento entre os mercados emergentes, os níveis de turbulência ficaram bem abaixo do que já foi registrado no passado.
A situação internacional favorável, portanto, permitiu no terceiro trimestre do ano que os países emergentes aproveitassem para fazer novas emissões, o que não ocorria desde abril. No total, US$ 1,1 trilhão foram emitidos entre julho e setembro. Desse total, os países emergentes emitiram US$ 39 bilhões. As emissões líquidas desse grupo de países passo de US$ 800 milhões no segundo trimestre para US$ 21,1 bilhões no terceiro trimestre.