Brasília – Relatório do Banco Mundial (Bird) divulgado hoje (17) afirma que Brasil e países da América Latina precisam combater de modo mais agressivo a pobreza para ampliar o desenvolvimento. O trabalho classifica como "decepcionante" o crescimento econômico na região, sobretudo quando comparado com países asiáticos. E, apesar de fazer algumas referências elogiosas ao Brasil, pesquisadores do Banco Mundial afirmam: o País perde oportunidade de melhorar os níveis de formação de sua população – leia-se aqui, exigir contrapartidas nos programas de transferência de renda desenvolvidos no País.
Coordenado por J. Humberto López, do Banco Mundial, o documento procura mostrar que a pobreza e a desigualdade emperram o desenvolvimento econômico. E exemplificam: o aumento de 10% da pobreza reduz o crescimento anual em até 1 ponto. O crescimento de 10% da pobreza, continuam, também está associado a um declínio que varia entre 6% e 8% dos investimentos. O trabalho se vale de estatísticas para comprovar o fenômeno contrário. O aumento de um por cento no crescimento econômico diminui em 1 25% a pobreza na América Latina.
O estudo defende a ampliação de investimentos em educação e obras de infra-estrutura para melhorar as condições de vida e ampliar o chamado "capital social", que, por sua vez, é uma ferramenta útil para garantir uma melhor colocação no mercado de trabalho.
Para justificar o termo "decepcionante" empregado para a América Latina, autores citam alguns números históricos. Nos últimos 15 anos, afirmam, o percentual de pobreza na América Central teve uma redução pequena – de 30% para 29%- , cresceu na Comunidade Andina (de 25% para 31%) e diminuiu nos países que formam o Cone Sul (de 24% para 19%). Um desempenho pífio, quando comparado com o dos países asiáticos.
As críticas feitas pelos autores do estudo, no entanto, não ficaram sem resposta. Fabio Veras do Ipea, questionou os dados analisados, afirmou que era preciso que pesquisadores saíssem de uma torre de marfim. E afirmou que, apesar de o Banco dizer que não dá receita de bolo, acaba fazendo justamente isso, sobretudo no momento em que fala sobre as contrapartidas.
Dizendo haver uma "obsessão" geral para avaliar o impacto dos programas de transferência de renda, Veras sustenta que efeitos são cumulativos. Sobre as condicionalidades, afirma que elas são importantes. "Mas desde que isso seja possível. Como impor o estudo a um senhor de 75 anos ou alguma outra contrapartida para um deficiente físico que não apresenta condições de desempenhar uma atividade profissional", questionou.
