Bird aponta perda de dinamismo da economia brasileira

Washington – O relatório sobre os Indicadores do Desenvolvimento Global divulgado hoje (22) pelo Banco Mundial (Bird) ilustra a perda de dinamismo da economia brasileira, a despeito dos fortes ganhos de produtividade do setor privado. Ao apresentar as taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de países em regiões em dois períodos – 1990/2000 e 2000/2004 – o estudo deixa claro que o Brasil perdeu o pique mesmo na em comparação com as economias mais pobres e menos promissoras.

Considerados em conjunto, os países de baixa renda cresceram 4 7% no primeiro período e 5,5% no segundo. Os de renda média, entre os quais inclui-se o Brasil, o PIB cresceu 3,8% entre 1990 e 2000 e 4% de 2000 a 2004. Houve melhora nos números mesmo da África subsaariana, a região mais pobre do mundo, que cresceu 2,5% e 3,9%, respectivamente. Já o Brasil andou para trás. Depois de registrar uma expansão de 2,9% entre 1990 e 2000, recuou para 2% de 2000 a 2004.

As estatísticas sobre a economia brasileira são apresentadas contra um pano de fundo em que o crescimento econômico global no mundo em desenvolvimento vem mantendo a média de 4,8% ao ano desde 2000, o dobro da taxa de crescimento das economias de alta renda que atingem em média 2.0% ao ano. Embora esse histórico sólido tenha sido impulsionado em grande parte pelo rápido crescimento no Leste e Sul da Ásia, o relatório do Bird ressalta os ganhos de desempenho da África Subsaariana – há muito atrás de outras regiões – que, um crescimento de 4,8% em 2004, superou a taxa de crescimento global daquele ano, de 4,1%.

"O crescimento é essencial para reduzir a pobreza e vemos prova disso nos dados" afirmou François Bourguignon, Economista-Chefe e Vice-Presidente para Economias em Desenvolvimento do Banco Mundial. "Essa é a razão por que esse impulso do crescimento na África é promissor. Após muitos anos, o continente está mostrando um crescimento que pode produzir uma redução da pobreza muito maior do que nos últimos anos. É importante para a África aproveitar esse crescimento, impulsionado em parte por preços mais altos de produtos básicos e em parte por elementos fundamentais, a fim de fechar o hiato com o restante do mundo."

O estudo do Bird recorre à comparação com a África para chamar atenção para o crescimento desnivelado registrado pela América Latina. "Nos últimos 10 anos (1995-2004), a África Subsaariana, região em que a produção total aumentou 3,4% ao ano e a produção per capita subiu 0,9%, teve um desempenho superior ao da América Latina e do Caribe, que apresentaram uma taxa de crescimento de 2,1% e apenas 0,6% de aumento da produção per capita", informou o relatório.

O México, a maior economia da região, representa cerca de 33% do PIB da região e com um crescimento global de 3,6% ao ano teve o crescimento mais alto das três maiores economias. O Brasil, a segunda maior economia, aumentou 2% ao ano, ao passo que a Argentina registrou um aumento de apenas 0,1% ao ano na última década. O crescimento global da América Latina segue um caminho desnivelado, ocorrendo grandes declínios na Argentina de 1999 a 2002, bem como na Venezuela em 1999, 2002 e 2003.

A boa notícia sobre a região, segundo o Bird, é que a tendência mais recente é positiva e as grandes economias estão em fase de recuperação. "O crescimento da Argentina de 2003 a 2004 foi cerca de 9% ao ano e prevê-se um crescimento sólido contínuo para 2005. O Brasil aumentou quase 5% e o México mais de 4% em 2004. A Venezuela, responsável por aproximadamente 5% da economia global da América Latina, beneficiou-se do surto dos preços do petróleo e apresentou um aumento de 18% em 2004".

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