Brasília – O técnico de Economia e Mercado do Departamento de Estudos Sócio-Econômicos Rurais, Marcos Antônio de Oliveira, avalia que o aumento da produção de biocombustíveis, principalmente a do etanol, pode gerar concentração de terras, intensificação do êxodo rural, e degradação ambiental no país. ?Historicamente sempre teve um processo de valorização dos preços da terra, concentração fundiária, mudanças nas comunidades locais, em detrimento de uma agricultura que pensa na pluralidade, no respeito ao meio ambiente. Não há motivos para crer que vai ser diferente?, argumenta.
A discussão do etanol ganhou peso nos últimos tempos após as conversas entre o presidente norte-americano George W. Bush com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva para aumentar a produção da substância para adicioná-la à gasolina e ajudar a reduzir a dependência do petróleo. O governo federal tem anunciado que evitará que a produção gere impactos para o meio ambiente e o trabalho, mas os movimentos sociais temem que haja prejuízo para outras culturas e concentração fundiária.
Para Marco Antônio de Oliveira, a cidade paulista de Nova Adélia é um exemplo do que pode acontecer com os pequenos produtores por conta de uma maior produção canavieira. ?Há uns dez anos, tinha muita produção de citros, hortícolas, carne, que dava conta da demanda daquela cidade. Hoje, lá só tem cana-de-açúcar. Ou a população se emprega na indústria ou tem que ir embora?, disse.
Entretanto, Oliveira pondera que existem políticas públicas que podem ajudar nesse processo, como tem acontecido hoje. É o caso do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que, segundo ele, também ajudou a amenizar o êxodo rural. ?Nos últimos dez anos, as indicações que a gente tem é que as políticas do governo, como o Pronaf, assistência técnica, crédito para comercialização, represou um pouco o êxodo. Mas para ter uma idéia precisa, são necessários os dados do próximo censo agropecuário?, afirmou.
