Brasília – O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, quer acelerar as negociações entre trabalhadores e empresários no Fórum Nacional do Trabalho para poder encaminhar, até março, pelo menos parte da reforma trabalhista ao Congresso Nacional. Foi esse o recado que o novo ministro deu ontem, na abertura da reunião da comissão de sistematização do Fórum. A comissão está fechando o relatório da parte da reforma trabalhista que trata da organização sindical.
A reunião plenária do Fórum, que vai decidir sobre o assunto, está marcada para o dia 17 de fevereiro. Berzoini reconheceu que o tema é complexo e que mexe com muitos interesses. Mesmo assim, ele pediu que os trabalhos caminhem para um afunilamento, de tal modo que o Fórum possa apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva todos os pontos negociados, inclusive os que não foram objeto de consenso.
O novo ministro disse que não tinha medo de estar à frente de uma novo reforma constitucional, embora reconheça que qualquer mudança na Constituição gera polêmica. “Um dos fatores que ajudaram muito a aprovar a reforma da Previdência foi a posição da opinião pública, francamente à favor”, argumentou Berzoini, que foi ministro da Previdência até o início desta semana. Ele disse que espera ter novamente a opinião pública favorável, agora em relação à reforma trabalhista.
O ministro observou que o foco da reforma que o governo Lula pretende fazer é diferente da tentada pelo governo anterior. Daí por que considera que são muitas as chances de aprovação, mesmo em um ano que será marcado pelas eleições municipais. “O foco da reforma é a modernização das relações de trabalho, e não há razão para temer desgaste político, porque é uma demanda da sociedade”, avaliou. Berzoini criticou o governo anterior que, segundo ele, buscou suprimir direitos sem modernizar o sistema.
Força Sindical e empresários
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, declarou que não há tempo nem condições políticas para mexer na legislação trabalhista este ano. “O que vai ficar pronto é só a parte sindical”, disse. De acordo com Paulinho, mexer na legislação trabalhista significa mexer no direito dos trabalhadores. “Quem quer ficar sem 13.º, férias e outras conquistas?”, questionou.
A posição do presidente da Força Sindical é completamente contrária à do representante dos empresários. O vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rodolfo Tavares, disse que o governo errou ao começar a reforma trabalhista pela organização sindical. “Deveríamos, primeiro, ter tratado de garantir a simplificação da legislação, de forma a assegurar direitos essenciais aos trabalhadores e diminuir a possibilidade de passivos trabalhistas tão elevados como os que os empresários enfrentam hoje”, sustentou.