O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, recomendou aos sindicatos de trabalhadores a manterem os “pés no chão” nas negociações das campanhas salariais do segundo semestre. “A melhora do mercado de trabalho sem dúvida facilita para os sindicatos fecharem acordos, mas não adianta pensar em recompor todas as perdas passadas nesse momento, porque não é assim que as coisas vão acontecer”, disse Berzoini, em entrevista exclusiva à Agência Estado.
Ao comentar o desempenho das campanhas do primeiro semestre, Berzoini avaliou que o crescimento econômico do País possibilitou expansão de faturamento das empresas, que passaram a ter “margem para negociar muito melhor”. “O grau de competitividade para obter mercados não permitiu a nenhuma empresa querer enfrentar greves e isso ajudou nas negociações”, avaliou. Para ele, esse movimento deve ser repetido no segundo semestre.
Conforme levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos (Dieese), de um total de 264 acordos e convenções coletivas acertadas no primeiro semestre, 79% obtiveram, no mínimo, recomposição da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Alguns setores duvidavam, talvez com alguma razão, se havia de fato uma melhora da economia e da queda do desemprego. Agora, com dados mais relevantes de confirmação, podemos garantir que o desemprego continuará em queda no segundo semestre”, avaliou.
A atual expansão da massa de rendimentos deve ser aproveitada, na visão do ministro, para dar sustentação ao crescimento do mercado de consumo doméstico. “Temos um ciclo muito vigoroso para alimentar nosso mercado”, analisou. Por isso Berzoini entende ser fundamental que o País aproveite a boa fase atual para dar início à adoção de medidas para redução dos juros, principalmente no spread bancário. “Ações de queda de juros são decisivas nesse momento para dar sustentação ao crescimento e à continuidade da queda do desemprego. Sem juros menores, principalmente no spread, as empresas não conseguem manter o crescimento econômico e não investem”, argumentou.
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