O presidente do Partido dos Trabalhadores, Ricardo Berzoini, disse que o PT aprendeu muito com a crise do mensalão e defendeu a candidatura de integrantes do partido acusados de envolvimento no episódio. Sobre as pesquisas que dão ampla vantagem ao atual presidente da República, em provável candidatura à reeleição, ele disse que nada está decidido ainda.
"É um quadro muito favorável. Mas nós sabemos que a eleição começa com uma campanha muito disputada e que grandes temas serão tratados", adiantou Berzoini durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes.
Ele disse que a questão do financiamento das campanhas deve ser discutida pela sociedade. E fez uma espécie de mea-culpa em nome do partido: "(O PT) não pode ter na relação política uma visão de simplesmente se isolar na crítica política e não se relacionar com a realidade", avaliou.
"A realidade do mundo político brasileiro é complicada, extremamente dependente da questão econômico-financeira e é fundamental que tenhamos esse debate com a população.
Balanço
Para ele, os eleitores não estão interessados em ouvir mais denúncias sobre o eventual envolvimento do partido com caixa dois ou com a compra de votos de parlamentares.
Fazendo eco ao que têm dito os principais nomes do PT, Ricardo Berzoini salientou que o mais importante seria a comparação entre os feitos econômicos do governo do presidente Lula e do de Fernando Henrique Cardoso. E voltou a falar da suposta "herança maldita" do governo anterior
"Nós temos um balanço positivo deste primeiro mandato do presidente Lula, pelas circunstâncias muito adversas com que nós assumimos na área econômica, com uma grande desorganização do Estado brasileiro", acusou
Para Berzoini, o debate sobre a questão ética já estaria esgotado. "Porque já se formou um juízo sobre o que aconteceu, quais foram as responsabilidades no processo e qual foi a relação com o presidente Lula", argumentou o presidente do PT
Mensaleiros – O presidente do PT acredita que não cabe ao partido barrar as candidaturas de nomes envolvidos no mensalão. "São pessoas que têm uma história, não apenas no PT, mas na democracia brasileira", destacou.
"Eles colocarão os seus nomes para apreciação da opinião pública e do eleitorado e ele é que vai avaliar se eles merecem ou não uma nova oportunidade."
Sobre a possibilidade de a oposição usar o relatório do procurador-geral da República como instrumento de campanha política: "Li três vezes e discordo de mais de dois terços do que está ali", opinou.