O candidato do Campo Majoritário à presidência do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), defendeu hoje (5), em Curitiba, que o presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), somente seja afastado do cargo caso suas explicações para as denúncias de recebimento de propina não sejam convincentes. "Deve-se fazer um procedimento de apuração e, se não der resposta convincente, evidentemente fica com a autoridade comprometida", disse.

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Questionado sobre se as respostas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu até agora seriam convincentes, Berzoini considerou que são "casos diferentes". Ele acentuou que Lula refutou de imediato as acusações. "Até agora não há provas de que aquilo que se denunciou como ‘mensalão’ exista como foi denunciado", afirmou. Segundo o ex-ministro, as investigações não conseguiram provar esquema de corrupção no governo. "No que está confessado e provado parece adequado que o mandatário da República não tivesse conhecimento, até porque era de cunho nitidamente partidário e não de governo", ressaltou. Já no caso do presidente da Câmara, o deputado disse que há acusação de recebimento de dinheiro.

Berzoini esteve em Curitiba para se encontrar com militantes do partido e apresentar suas propostas. Ele destacou que irá a todos os debates e que vai visitar o maior número possível de Estados. Sua principal proposta é a reestruturação do partido, que passa pela não participação, na nova direção, de membros da antiga diretoria, como o deputado federal José Dirceu. Ele não admite, porém, condenações antecipadas. "É importante realizar o processo com amplo direito de defesa antes de condenarmos quem quer seja", acentuou.

Ele já tem, porém, posição sobre o destino do ex-tesoureiro Delúbio Soares. "Ele conseguiu uma liminar que, a meu ver, apenas adiou sua expulsão", afirmou. Berzoini declarou ainda que o apoio do atual presidente, Tarso Genro, à sua candidatura dá uma "motivação" a mais.

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A crise política levou Berzoini a confessar hoje que "talvez um dos erros do PT tenha sido tentar se afirmar como partido totalmente diferente dos outros". "O PT tem que lidar com a vida real da política, caso contrário não será alternativa real, será apenas um pequeno partido com bandeiras ideais, mas que não dialoga com a realidade", disse. "O PT não deve procurar se apresentar como diferente de tudo, mas deve reafirmar seu compromisso com a ética, honestidade e transparência."