O presidente do PT, Ricardo Berzoini, disse que o ex-presidente do Banco do Brasil, Paulo César Ximenes e os seis ex-diretores da instituição têm o direito de recorrer à Justiça, mas acrescentou que a sentença do juiz condenando todos a sete anos e meio de prisão é muito clara, e examina inclusive o grau de responsabilidade de cada um e o tipo de delito cometido.
Os sete ex-dirigentes do BB foram considerados culpados pelos crimes de gestão temerária e desvio de crédito por empréstimos à empresa Encol. A afirmação de Berzoini foi feita durante entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional sobre a decisão do juiz Clóvis Barbosa de Siqueira, da 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal em resposta a uma denúncia e uma ação de Berzoini contra a direção do Banco.
Para o presidente do PT, as ações da diretoria à época demonstram a culpa e derrubam a tese defendida por Ximenes de que não houve concessão de novos créditos à empresa, que faliu em 1999, mas apenas a tentativa de recuperar os já existentes.
"Quando se tenta recuperar créditos e se aceita fazer a troca de garantias e se determina à Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários do Banco do Brasil, que compre debêntures que não tinham uma avaliação técnica adequada, independentemente da concessão de crédito, houve gestão temerária e desvio de crédito. O que essas pessoas querem agora é fugir às responsabilidades e tratar a questão como mais um episódio daqueles que se perdem no tempo e na Justiça e acabam não redundando em nenhum tipo de conseqüência", disse.
Berzoini informou que na ocasião acompanhava o caso como funcionário da instituição e como integrante do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Ele acrescentou que depois, como deputado, verificou que a postura da diretoria do BB no caso, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, agiu de maneira "extremamente irresponsável" em relação à concessão de crédito.
"Inclusive, levantando a suspeita de que pudesse haver algum tipo de interesse por parte da diretoria. Toda a alçada da relação do Banco do Brasil com a Encol foi puxada para a diretoria. Traduzindo de maneira mais simples, a diretoria do banco deixou que houvesse todo um processo de acumulação de dívidas e depois retirou da agência que cuidava da relação do banco com a Encol e trouxe para a diretoria", afirmou.