O papa Bento XVI pode autorizar a volta da celebração de missas no modelo tradicional, cuja principal característica é ser toda em latim, na tentativa de resolver uma discórdia no catolicismo. Esse tipo de missa é conhecida como tridentina, pois foi criada no Concílio de Trento, no século 16. Além do rito em latim, o padre fica de costas para os fiéis. Ela começou a ser restringida após o Concílio Vaticano II (1962-1965) ordenar a introdução gradual de missas na língua local.
Esta e outras mudanças de modernização da Igreja nunca foram bem aceitas pelos tradicionalistas. A oposição chegou ao auge com o arcebispo de Tulle (França), Marcel Lefebvre, que fundou a Sociedade de Santo Pio X (SSPX) e atraiu cerca de 1 milhão de seguidores de missas tradicionais em latim em todo o mundo. Ele acabou excomungado em 1988, após ordenar quatro bispos sem a sanção papal. Isso criou o primeiro cisma da Igreja nos tempos modernos.
De acordo com fontes no Vaticano, Bento XVI está escrevendo um motu próprio, documento que o papa redige por sua iniciativa e não como resposta a uma solicitação. A expectativa é que o texto possibilite a volta dos lefebvrianos à Igreja Católica e a realização de missas em latim extraordinariamente. Isso funcionaria como uma espécie de indulto – uma permissão especial concedida pela Santa Sé para que uma pessoa se desvie das leis universais da Igreja sob certas circunstâncias.
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