O Papa Bento XVI ataca a corrupção no Brasil e pede que a Igreja no País ajude a formar políticos e empresários para que atuem pelo "bem comum" e não para "procurar ganâncias pessoais". Falando na Catedral da Sé para o clero brasileiro, o pontífice ainda lembrou que "um imenso contingente de brasileiros vivem em situação de indigência" e criticou a desigualdade na distribuição de renda que atinge patamares "muito elevados".

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O discurso, considerado pelo Vaticano como um dos principais da viagem ao Brasil, tinha como objetivo dar uma orientação sobre como devem atuar os bispos para garantir o desenvolvimento da sociedade e da Igreja.

"Ocorre formar nas classes políticas e empresariais um autêntico espírito de veracidade e de honestidade. Quem assume uma liderança na sociedade deve procurar prever as conseqüências sociais, diretas e indiretas, a curto e longo prazo, das próprias decisões, agindo segundo critérios de maximização do bom comum, ao invés de procurar ganâncias pessoais", disse o Papa, que antes de chegar ao Brasil deixou claro que não gostaria de entrar em temas políticos durante sua viagem.

Antes de falar sobre a situação dos políticos, Bento XVI descreveu a Igreja como "santa e incorruptível", ainda que se referisse aos valores e como a palavra de Cristo é seguida. Mas a situação econômica do povo também deve ser alvo de um trabalho da Igreja, segundo o pontífice. "Deve-se trabalhar incansavelmente para a formação dos políticos, dos brasileiros que têm algum poder decisório, grande ou pequeno e, em geral, de todos os membros da sociedade, de modo que assumam plenamente as próprias responsabilidades e saibam dar um rosto humano e solidário à economia", disse.

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"Não é nenhuma novidade a constatação de que vosso País convive com um déficit histórico de desenvolvimento social, cujos traços extremos são o imenso contingente de brasileiros vivendo em uma situação de indigência e uma desigualdade na distribuição de renda que atinge patamares muito elevados", disse.

O Papa pediu que os bispos atuem com base nessa realidade, em parte para responder à fuga de fiéis que encontram nas seitas evangélicas respostas para seus cotidianos e, assim, atraem um número cada vez maior de pessoas. "A vós compete promover a busca de soluções novas e cheias de espírito cristão", disse. "Uma visão da economia e dos problemas sociais, a partir da perspectiva da doutrina social da Igreja, leva a considerar as coisas sempre do ponto de vista da dignidade do homem, que transcende o simples jogo dos fatores econômicos", completou.

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Em sua primeira entrevista ainda no avião que o trazia ao Brasil o Papa deixou claro que a Igreja precisa dar uma resposta ao crescimento das seitas e lembrou que essa tendência estava ocorrendo porque essas novas igrejas se concentravam em aspectos do cotidiano da população mais carente. Dessa forma, conseguia atrair mais adeptos.