Bens de consumo deixam de motivar indústria, diz IBGE

A recuperação da produção industrial é "discreta" e não ocorre de forma mais acelerada porque está ocorrendo uma "perda de dinamismo" de bens de consumo, especialmente os não duráveis, segundo avalia o coordenador de indústria do IBGE, Silvio Sales. Segundo ele, essa perda ocorre porque "há evidências de um certo esgotamento de ritmo forte das vendas do varejo, uma perda importante na quantidade de exportações de alguns setores, que crescem mais no fator preço e, ainda, concorrência de produtos importados".

Segundo Sales, os dados de agosto mostram que os motores de crescimento da indústria passam a ser os bens de capital e os bens intermediários, enquanto "saem de cena" os bens de consumo.

A produção de bens de consumo semi e não duráveis caiu 0,9% em agosto ante a de julho e cresceu 1,2% ante a de agosto do ano passado, variação bem inferior aos 3,5% apurados em julho ante julho de 2005.

Segundo Sales, essa categoria não apresenta resultados mais fortes especialmente por causa das dificuldades enfrentadas pelo segmento de semiduráveis (calçados e têxteis), que sofre com o câmbio na concorrência com os importados e na perda de competitividade das exportações.

Como exemplo da concorrência de produtos importados nessa categoria, ele citou que as importações (em quantidade) de bens de consumo não duráveis cresceram 20,3% em agosto deste ano ante as de igual mês do ano passado.

No caso dos bens de consumo duráveis, o crescimento de 1,6% da produção de agosto ante a de julho compensou as quedas ocorridas nessa base de comparação dos três meses anteriores. Além disso, essa categoria registrou crescimento de 5,4% em agosto ante agosto do ano passado, mas Sales destacou que o crescimento está muito vinculado à indústria automobilística e segmentos importantes como eletrodomésticos de linha marrom (TV, som) e que aparelhos celulares mostram perda de dinamismo, com queda da produção.

"O que os dados parecem sugerir é que há espaço na demanda interna, de duráveis e não duráveis, que vem sendo ocupado pelas importações", disse Sales. Ele lembrou que os bens de consumo duráveis vinham registrando crescimento de dois dígitos ao longo do ano passado e no início deste ano e, agora, não crescem mais aceleradamente.

"Parte disso pode ter a ver com limite de endividamento e parte com importações", disse ele, que citou também a base de comparação elevada do ano passado como um dos fatores responsáveis pela desaceleração. As importações em quantidade de bens de consumo duráveis cresceram 93,5% em agosto ante as de igual mês do ano passado.

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