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Dirigentes da Beija-Flor comemoram
o terceiro título consecutivo.

Rio – A Beija-Flor conquistou o segundo tricampeonato de sua história de forma emocionante, por apenas um décimo de vantagem sobre a Unidos da Tijuca. As duas escolas perderam pontos nas notas de seis jurados e não tiraram menos do que 9,9. A desvantagem da Tijuca foi no quesito harmonia, que lhe custou um 9,8 no último julgador. No ano passado, a Beija-Flor já deixara a Tijuca em segundo, com diferença maior, de oito décimos. A Tradição chegou em último lugar e vai desfilar no Grupo de Acesso A em 2006.

"O coração quase parou quando faltava a nota do último quesito, a diferença era só de um décimo. Foi uma grande disputa. A vontade e a garra nos levaram a essa grande conquista, que almejamos por muito tempo. É muita euforia, muita alegria. Estou indo agora comemorar na minha Nilópolis", disse o presidente da escola, Farid Abrão David, após a confirmação da vitória. A seguir, olhou para o futuro e soltou a frase que mais parece uma ameaça às outras escolas, diante de tanta hegemonia de Nilópolis: "Estamos pensando seriamente no tetracampeonato".

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Grande Rio, Imperatriz, Salgueiro e Mangueira, que ficaram entre o terceiro e o sexto lugares, respectivamente, desfilam no sábado das campeãs com Beija-Flor e Tijuca. A Porto da Pedra ficou em sétimo e não se classificou para o novo desfile, por apenas três décimos. As escolas de Madureira – Império Serrano e Portela (a que mais conquistou títulos, 21, no carnaval) foram mal: ficaram em antepenúltimo e penúltimo.

Para os portelenses, aliás, o resultado, mais do que desastroso, foi um alívio. A escola teve muitos problemas antes e durante o desfile e havia grande temor de que fosse rebaixada. Ainda no barracão, a parte de trás do abre-alas foi destruída por um incêndio. A águia, símbolo da Portela, passou pela avenida sem as asas. E a velha-guarda não desfilou, porque o carro em que estavam quebrou e o presidente Nilo Figueiredo mandou fechar os portões, para não estourar o tempo de desfile. Durante a apuração, os torcedores da Portela chegaram a comemorar as notas no quesito Alegorias e Adereços, que acabaram não sendo tão terríveis quanto se esperava: 8,7; 9,2; 9,4 e 9,5.

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Na Imperatriz, o resultado da apuração provocou queixa. O presidente da escola de Ramos, Wagner Araújo, disse que o quarto lugar não tem explicação. Ele reclamou do 9,7 em alegorias e adereços, quesito em que a Imperatriz costuma ser considerada impecável, e do 9,9 em samba-enredo.

"É claro que não esperava esse resultado. Têm duas notas que não aceito: alegorias e adereços e samba-enredo. Não tem explicação. Os jurados podem falar o que quiserem. Vão perder o seu tempo explicando", esbravejou.

Já o pessoal da Grande Rio, que chegou em terceiro, teve reação bem mais feliz: "Esse terceiro lugar é uma grande vitória para Duque de Caxias. Com garra, a escola superou uma montanha de problemas", disse o carnavalesco Roberto Zanieck.

Jesus ensangüentado

Rio – A tricampeã Beija-Flor foi a última escola a desfilar e entrou na Sapucaí por volta das 7h de terça-feira, já com a luz do sol. A comissão de carnavalescos formada por Laíla, Cid Carvalho, Shangai, Fran-Sérgio e Ubiratan Silva apresentou o enredo sobre as missões jesuítas no sul do Brasil. A escola levou o público a uma viagem que partiu da Judéia, nos tempos do nascimento de Jesus, e chegou aos pampas, onde os índios foram colonizados e evangelizados pelos enviados da Igreja Católica, no século XIX. Pela avenida, passaram o rei Herodes, centuriões, pastores de ovelhas, índios guaranis, colonizadores europeus e as sete missões de amor dos jesuítas.

Rica e impressionante, como sempre, a Beija-Flor mostrou em 2005 um samba-enredo bonito e cantado com entusiasmo por seus integrantes. E com um toque de polêmica, que acabou sendo bem menor do que o esperado: um Jesus Cristo crucificado, ensangüentado e doído, que desfilou no chão.

Com mais essa vitória, a escola de Nilópolis tem agora nove títulos e oito vice-campeonatos. O outro tri foi na era Joãosinho Trinta, em 76, 77 e 78. Assim como naquela época, a terceira conquista da série veio num desfile feito de manhã, sob o brilho do sol.

Frevo na Quarta de Cinzas

Recife – Incorporada à programação oficial do Carnaval, com a saída de pelo menos, 30 troças e blocos em Olinda e Recife, a Quarta-feira de Cinzas coincidiu com o Dia do Frevo, 9 de fevereiro. Nesta data a palavra "frevo" foi pela primeira vez publicada, em 1907, no jornal Pequeno, no Recife.

O aniversário foi festejado desde o primeiro minuto do dia, quando Antônio Nóbrega fez show na Praça do Marco Zero, bairro do Recife Antigo, numa celebração à cultura regional, aos maestros, orquestras, compositores e passistas de frevo. O escritor Ariano Suassuna, que prestigiava a festa, foi aplaudido ao surgir no palco e acompanhar Nóbrega cantando "Madeira que cupim não rói", frevo-canção do bloco de pau-e-corda Madeira do Rosarinho.

Ariano, fundador do Movimento Armorial, bravo defensor da cultura popular, é um dos inspiradores intelectuais de Nóbrega e aprovou, junto com a multidão, a proposta do brincante de que se tenha "frevo o ano inteiro".

Alceu Valença substituiu Nóbrega no palco, mantendo a temperatura de alegria e empolgação dos foliões incansáveis que continuaram cantando e dançando mais frevo, embolada, côco, ciranda e consagrados sucessos da carreira do artista, num vigor contagiante.

A festa nas ruas e pólos do Recife Antigo só terminou de manhã, mas aí já começava uma outra etapa. Às 7h foliões se concentravam no Alto da Sé, em Olinda, comendo munguzá – comida à base de milho – para sair na troça "Bacalhau do Batata". A refeição é oferecida por Zuza e Thaís há 11 anos, desde que se integraram à troça criada há 43 anos pelo garçom Isaías Ferreira da Silva, o Batata, que morreu em 1993.

A troça surgiu em 1962 para que Batata e seus companheiros que trabalhavam no Carnaval pudessem desfrutar da folia. A chuva não atrapalhou a saída da agremiação, que se juntou a várias outras, ao som de orquestra de frevo, pelas ladeiras olindenses.

No final da tarde, o destaque foi para o Urso Maluco Beleza, comandado por Alceu Valença. Em bairros da periferia da cidade, o Carnaval também manteve a força com o Bacalhau do Verdura, Motorista em Folia, a Jaula, Coveiros em Folia.