Rio – O eterno craque alemão Franz Beckenbauer parecia uma criança ao desembarcar nesta quinta-feira no Brasil para, oficialmente, exercer as funções de presidente do Comitê Organizador e embaixador da Copa do Mundo de 2006. Distribuiu simpatia, sorrisos e nem se importou com a aglomeração de pessoas ao seu redor durante as visitas ao Maracanã, onde deixou a marca de seus pés na Calçada da Fama, e ao projeto social da escola de samba Estação Primeira de Mangueira.
Beckenbauer chegou no Brasil às 14 horas e foi do Aeroporto Internacional do Tom Jobim diretamente para a Mangueira. Recebido por cerca de 300 crianças e adolescentes do total de 8.600 que são atendidas pelo projeto, ele conheceu as instalações e chegou a conversar em alemão com a professora de balé Francisca, que fez um intercâmbio na Alemanha.
"Vim aqui para ver os jovens Pelés e Ronaldinhos", disse Beckenbauer, presenteado com livros, camisas da Mangueira e uma placa oferecida pelo presidente da escola de samba, Álvaro Caetano, o Alvinho.
Aos pés da imensa favela, o embaixador da Copa do Mundo se entusiasmou: "Desde 1968, quando estive aqui pela primeira vez, as favelas mudaram para melhor". E, ao se deparar com uma foto de 1999 da visita de Pelé ao projeto social, Beckenbauer exclamou: "Ele não muda nada".
Na saída da Mangueira, Beckenbauer passou pelo único desconforto da visita. Uma criança portadora de deficiência mental fez uma referência ao ditador alemão Adolf Hitler. Mas a situação foi contornada pelo secretário estadual de Esportes e Presidente da Suderj, Francisco Carvalho, o Chiquinho da Mangueira.
No Maracanã, Beckenbauer se encontrou com o amigo Carlos Alberto Torres, capitão da seleção brasileira na Copa de 1970. Em seguida, deixou registrado a marca de seus pés na Calçada da Fama e seguiu para o gramado do estádio.
"Maracanã e Wembley, na Inglaterra, são dois estádios emblemáticos. Não se pode deixar destruir a tradição", afirmou o presidente do Comitê Organizador da Copa do Mundo, que se tornou o quarto estrangeiro a receber a honraria na Calçada da Fama ? antes dele já foram agraciados o português Eusébio, o chileno Figueroa e o paraguaio Romerito.
"Estive aqui pela primeira vez em 1968, era um menino de 23 anos e estava todo bobo porque joguei com o Pelé", lembrou Beckenbauer. Na verdade, ele jogou 4 vezes no Maracanã. Em 1968, defendeu a Alemanha em empate com o Brasil e se juntou a um time de astros na derrota para a seleção brasileira. Depois em 1975, perdeu para o Fluminense jogando pelo Bayern de Munique e também perdeu para o Flamengo, já no Cosmos.
O presidente do Comitê Organizador da Copa permanecerá no Brasil até a manhã de domingo – a sua visita faz parte do tour mundial que ele está fazendo por todos países classificados para o Mundial da Alemanha. Nesta sexta-feira, Beckenbauer vai passear de barco pela Baía de Guanabara e à noite, participará de um jantar de gala. No sábado, tem o dia livre, mas quer aproveitar a ocasião para conversar com o vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, que estará no Rio para a realização de um show.
A segurança de Beckenbauer foi um dos pontos que recebeu maior atenção da visita, que foi orçada em US$ 100 mil. O alemão ? de acordo com Carlos Alberto Torres já confessou ter medo da violência carioca ? terá à sua disposição um carro blindado, além de oito guarda-costas.
"Ele não vem mais ao Brasil porque tem medo da violência. Mas o povo carioca, com o seu calor, vai mostrar ao Beckenbauer que não existe problema", disse Carlos Alberto Torres, companheiro por cinco anos do craque alemão no Cosmos.