O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar em 0,25 ponto porcentual a taxa básica de juros, para 12,50% ao ano. Mas, ao promover a quinta elevação da Selic este ano para combater a inflação, o BC sinalizou ao mercado financeiro que o processo de aperto monetário pode ter tido hoje seu último capítulo, pelo menos temporariamente, embora não se possa descartar completamente uma nova alta este ano.
Para fazer essa indicação de possível fim de alta nos juros, o BC mudou completamente o comunicado da decisão. De um texto longo e que falava de ajuste por período “suficientemente prolongado”, usado nas últimas duas reuniões, o colegiado passou para um texto bem mais enxuto, sem menções diretas ou indiretas sobre período de ajuste monetário e ainda lançando mão da expressão “neste momento”, que abriu a porta para o BC não subir juros em agosto, como esperavam e desejavam muitos analistas do mercado financeiro.
“Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% ao ano, sem viés”, disse o BC no comunicado. Ao usar um estilo genérico, a ideia é reforçar a tese de que “cada reunião tem sua história” e que a decisão reflete todo o contexto do momento e as discussões da diretoria.
O economista-chefe do banco WestLB, Roberto Padovani, afirmou que duas pistas foram dadas para a interpretação de que os juros não devem mais subir: a retirada da expressão “período suficientemente prolongado” e a colocação do “neste momento”. “Os dois sinais abrem espaço para o BC não subir os juros em agosto”, disse Padovani, que espera a manutenção da Selic em 12,50% até o fim do ano que vem. “O BC não está fechando a porta, mas já prepara o mercado”, acrescentou o economista, que já vinha com esse cenário antes mesmo da decisão.