As remessas de dólares ao exterior superaram os ingressos em US$ 7 milhões em agosto. O dado, divulgado, nesta quinta-feira, pelo Banco Central (BC), interrompeu uma série de dois meses consecutivos em que as entradas de dinheiro estrangeiro no País superaram as saídas.
A informação, entretanto, não chegou a preocupar o mercado. "A cotação do dólar nem se mexeu", disse um operador hoje, num momento em que a taxa de câmbio estava em torno de R$ 2,3220.
Os analistas de mercado acreditam que o resultado fechado do mês passado possa ter sido influenciado pelas compras de dólares feitas pelo Tesouro Nacional com o objetivo de honrar compromissos da dívida externa do País. Essas operações estão contabilizadas entre as saídas de divisas.
"É possível que o Tesouro Nacional tenha entrado no mercado e retirado todo o excesso de liquidez que havia", disse um analista. A crise política, segundo ele, não teve nenhum peso sobre a movimentação de recursos externos em agosto. "Não tem nada de crise nestes dados do BC", comentou.
Em agosto, as operações de câmbio ligadas ao comércio exterior (exportação menos importação) proporcionaram um ingresso de divisas de US$ 4,873 bilhões no País. Mas as operações do segmento financeiro (pagamentos de dívidas e remessas diversas) causaram déficit de US$ 4,880 bilhões.
Apesar do resultado negativo do mês passado, os dados do BC mostram que no período de janeiro a agosto os ingressos de recursos externos superam as saídas em US$ 10,789 bilhões. Esse resultado foi influenciado fortemente pelas operações ligadas à exportação durante o ano.
As expectativas para setembro são de um resultado bem melhor em relação ao fluxo de capitais estrangeiros. "Somente de captações privadas no exterior poderá ingressar no País cerca de US$ 1,7 bilhão neste mês", disse um operador de mercado. Diante desta perspectiva, os analistas já enxergam a possibilidade de o BC voltar ao mercado de câmbio com a realização de leilões de compra de moeda estrangeira.