Ao avaliar os riscos para o controle de preços no Brasil no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do primeiro trimestre, divulgado hoje, o Banco Central (BC) traçou um cenário econômico que considera a tendência de recuperação da atividade econômica global. Essa avaliação é mais otimista que no relatório anterior, divulgado em dezembro, quando o BC trabalhava com uma perspectiva de recuperação ainda lenta da atividade econômica, com menor possibilidade de reversão.

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No documento de hoje, o BC trabalha também com um cenário que contempla uma “certa disseminação de pressões inflacionárias, maior em economias emergentes. Do lado interno, o cenário prevê uma moderação da atividade econômica. Mesmo com projeções de inflação para este ano menos favoráveis, o BC avalia que houve avanços no balanço de riscos para a inflação. No relatório anterior, o balanço de riscos havia evoluído desfavoravelmente.

Para o BC, o principal risco inflacionário continua relacionado ao comportamento dos preços das commodities (matérias-primas). Desde o último relatório, a perspectiva para a evolução dos preços das commodities nos mercados internacionais, inclusive petróleo, se apresenta envolta em incerteza. O BC cita como fonte de incerteza o impacto do terremoto no Japão, a crise política nos países árabes, o ritmo de retomada econômica diferenciada entre os países, a possibilidade de desaceleração da China.

Na avaliação do BC, diminuíram as chances de haver nova rodada de ações monetárias não convencionais, as quais têm sido vistas como elemento de apoio para a escalada recente dos preços das commodities nos mercados internacionais.

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Commodities

Parte substancial da elevação dos preços das commodities já foi incorporada aos preços ao consumidor no Brasil, avalia o BC. O comportamento dos preços das commodities no mercado internacional foi apontado como o principal risco inflacionário para o Brasil. Na avaliação do BC, o recente aumento de preços no atacado está estreitamente relacionado ao dos preços de commodities no mercado internacional.

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Os preços no atacado de produtos agrícolas aceleraram fortemente entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, acumulando aumento de 24,3%. “Entretanto, parte substancial da elevação dos preços das commodities já foi incorporada aos preços ao consumidor”, pondera o BC. A instituição adverte, no entanto, que um risco presente é de que as pressões do mercado de commodities perdurem, sem a contrapartida de movimentos, em sentido contrário, de ativos domésticos, o que poderia levar a pressões inflacionárias adicionais.

No cenário traçado pelo BC para avaliar os riscos, as compras de produtos externos tendem a continuar a arrefecer as pressões inflacionárias domésticas por meio de dois canais. Em primeiro lugar, competem com produtos produzidos domesticamente e, assim, impõem maior disciplina aos processos de aumentos de preços. Em segundo lugar, reduzem a demanda nos mercados de insumos domésticos e, dessa forma, contribuem para o arrefecimento de pressões de custos e, por conseguinte, de seus eventuais repasses para os preços ao consumidor. Essa avaliação já constava no relatório anterior.