O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, informou hoje que o superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) das contas dos governos regionais no primeiro semestre, de R$ 22,137 bilhões, é o maior da série. Segundo ele, os governos regionais, nos primeiros seis meses do ano, apresentaram “trajetória benigna”, conseguindo alcançar 60% da meta estimada para o ano para o grupo, de R$ 36,130 bilhões.
Maciel não quis fazer avaliações sobre a possibilidade de os governos regionais não conseguirem atingir a meta do ano, como foi admitido recentemente pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Maciel também não quis comentar a possibilidade de os novos governadores acelerarem as despesas agora no segundo semestre, depois da fase de início de gestão administrativa.
Arno Augustin tem declarado que, se os Estados e municípios não conseguirem alcançar a meta do ano, o governo federal fará um esforço adicional para cobrir a diferença dos governos regionais.
Maciel evitou fazer comentários sobre eventuais dificuldades que o governo pode ter em 2012 para o cumprimento da meta de superávit primário do setor público. Instado a comentar a possibilidade de o governo não cumprir a meta cheia, Maciel respondeu: “um ano de cada vez”. Para 2011, ele comentou que a trajetória das contas públicas até agora aponta para o cumprimento da meta.
O BC informou que a relação dívida líquida/PIB deve fechar julho em 39,5%, ante 39,7% em junho. Para a dívida bruta, o BC projeta que deverá fechar o mês em 55,7% do PIB, ante 56% do PIB em junho.
Gastos com juros
O chefe do departamento econômico do BC, Túlio Maciel, informou hoje que, impulsionado pelo aumento na taxa básica de juros (a Selic) e pela inflação mais alta, além do natural aumento do estoque da dívida, o gasto com juros do setor público de R$ 119,7 bilhões no primeiro semestre foi o mais alto da série para o período.
Nos seis primeiros meses de 2011, a Selic acumulada foi de 5,53% (ante 4,3% em igual período de 2010) e a inflação foi de 3,87% (ante 3,09% nos seis primeiros meses do ano passado). Como variou mais e ainda referencia uma maior parcela da dívida, o impacto da Selic na conta de juros foi maior do que os demais.
No acumulado em 12 meses, em termos nominais, o gasto com juros também foi o maior da série. Somente no mês passado, essa conta registrou o pior resultado para o mês na série, iniciada em 2001.
Embora o gasto com juros tenha ficado bem mais alto este ano, o déficit nominal tem se comportado melhor, por conta do reforço no superávit primário do setor público. Dessa forma, o déficit nominal em junho foi o mais baixo para o mês desde 2007 e no primeiro semestre, o menor para o período desde 2008. No acumulado em 12 meses, o resultado nominal em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) é o mais baixo desde dezembro de 2008.