O Banco do Povo da China (PBOC, o banco central do país) afirmou hoje, em seu relatório monetário trimestral, que a estabilização dos preços e das expectativas de inflação é a sua atual prioridade, já que o crescimento econômico e o mercado de trabalho estão “relativamente bem”. O PBOC informou que, para atingir tais objetivos, continuará usando vários instrumentos – como taxa do compulsório bancário, operações de mercado aberto e taxas de juros.
O PBOC afirmou que não vê um limite absoluto de alta no compulsório bancário, que foi elevado quatro vezes neste ano e seis vezes no ano passado. O banco central também disse que a mudança para uma política monetária “prudente”, da posição “moderadamente frouxa” assumida anteriormente, facilitou uma moderação no crescimento monetário e do crédito em direção a níveis normais.
No entanto, as condições monetárias globais continuam frouxas, o que tem guiado as expectativas na China, segundo o PBOC. No mercado interno chinês, a demanda por investimentos está puxando os aumentos nos custos do trabalho, da energia e dos recursos naturais, contribuindo para as pressões inflacionárias.
Demonstrando que as taxas de juros do mercado estão subindo ainda mais rapidamente do que as taxas de referência do PBOC, o banco central informou que 55,82% dos empréstimos concedidos em março tiveram juros acima do nível da taxa básica – ou 12,78 pontos porcentuais a mais do que no começo do ano.
O PBOC reiterou que vai continuar implementando uma reforma na taxa de câmbio do yuan. Apesar de ter se valorizado em relação ao dólar, o yuan se desvalorizou diante de uma cesta de moedas, registrando queda de 1,9% em termos reais e efetivos no primeiro trimestre deste ano, de acordo com o PBOC, que citou dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS).
Moedas
O vice-presidente do Banco do Povo da China, Yi Gang, ainda defendeu a diversificação das moedas de reserva globais como uma estratégia de longo prazo para reformar o sistema monetário internacional. Em um discurso na Universidade Tsinghua, Yi afirmou que os problemas com o sistema atual incluem grandes oscilações nas taxas de câmbio das moedas de reserva e fluxos voláteis de capital entre as fronteiras.
No curto prazo, os países devem fortalecer o gerenciamento dos fluxos de capital e a liquidez global. No entanto, no longo prazo a diversificação das moedas de reserva é necessária, disse Yi, indicando que espera uma redução da dependência do dólar como principal moeda internacional.
Yi afirmou que uma importância maior para os Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês) – uma moeda de reserva criada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) – pode contribuir para a valorização das moedas de reserva. A autoridade também declarou que o yuan está no caminho certo para atender as exigências e ser incluído na cesta do SDR.
Uma proposta para incluir o yuan na cesta de moedas que compõem do SDR tem sido discutida entre os países do G-20. Segundo Yi, o yuan está no caminho para “ser livremente usado”, referindo-se à exigência de que uma moeda seja livremente conversível para poder ser incluída na cesta do SDR.
A próxima revisão oficial da composição do SDR deverá ser feita até 2015. Enquanto isso, o FMI deveria considerar a criação de um “SDR sombra” que inclua o won sul-coreano, o dólar australiano e o real brasileiro, segundo Yi. A autoridade comentou ainda que a acumulação de reservas internacionais pela China é a principal fonte de excesso de liquidez no país. As informações são da Dow Jones.