O ambiente de alta volatilidade no mercado mundial, resultante da "implosão da bolha imobiliária" nos Estados Unidos, será um teste definitivo para a política macroeconômica do Brasil, segundo avalia o diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carlos Langoni. Mas ele está otimista e ressaltou que o País tem se saído bem, como resultado da mudança estrutural positiva nas contas externas nos últimos anos. O economista projeta um crescimento de 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2007.

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Ainda que o Brasil esteja com reservas suficientes para enfrentar a atual turbulência, Langoni ressalta que o cenário de maior volatilidade reforça a necessidade de manutenção de um gradualismo monetário no País. Para ele, o "Banco Central (BC) estava certo e está certo" em reduzir os juros gradualmente. Além disso, ele destaca que, do ponto de vista político, é preciso preservar a autonomia do BC e "até transformá-la de informal em formal".

Em palestra em seminário sobre a economia brasileira e mundial realizado hoje pela Câmara Americana de Comércio no Rio, Langoni disse que "é preciso resistir à atração fatal da heterodoxia" e atacar o que considera temas urgentes, como melhoria do ambiente de negócios e redução da intervenção do Estado na economia que, segundo ele, tem como principal sintoma a carga tributária.

Langoni avalia que o cenário externo mais provável para este ano é de "aterrissagem suave" da economia mundial e, mesmo com "as reformas apenas parciais", ainda que ocorra, em alguma eventualidade, um ajuste recessivo no mundo, o Brasil continuará crescendo, ainda que, caso ocorra a recessão, em ritmo menor do que o previsto atualmente.

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Mas, para o economista da FGV, um ajuste recessivo conseqüente dos problemas atuais nos Estados Unidos "é uma probabilidade de apenas 30%". Para ele, mesmo que ocorra uma desaceleração mais forte da economia americana, o dinamismo no resto do mundo, como na Europa e na Ásia, deverá garantir um avanço razoável da economia mundial.