O basquete brasileiro tem a oportunidade de fazer as pazes com a torcida e talvez renascer no Pan-Americano do Rio. O pódio e, especialmente, o ouro ajudariam as seleções masculina e feminina a se fortalecerem para as provas de fogo que terão a seguir – as seletivas olímpicas para Pequim, em 2008.
As competições do basquete feminino serão de 20 a 24 de julho, com o masculino na seqüência, de 25 a 29 de julho, último dia do Pan, na arena do Autódromo de Jacarepaguá.
Em baixa após o 17.º lugar no Mundial do Japão, em 2006, e sem conseguir classificação para as duas últimas olimpíadas (não disputa os Jogos desde 1996, quando o astro Oscar ainda jogava), ganhar o terceiro título consecutivo das Américas poderia ajudar no grande desafio pós-Pan, o Pré-Olímpico de Las Vegas, em agosto.
Para o basquete feminino, quarto no Mundial de São Paulo, onde passou perto de vencer a Austrália nas semifinais e disputar o ouro, o problema maior será enfrentar um processo radical de renovação, com a aposentadoria de parte das atletas da seleção campeã mundial na Austrália, em 1994, e vice olímpica em Atlanta em 1996.
A ausência de atletas importantes será o grande problema das seleções e os dirigentes parecem dar de ombros para isso. Informam que os atletas da NBA são convocados por carta.
No masculino, devem ficar fora do grupo estrelas da NBA como o armador Leandrinho – dificilmente será liberado pelo Phoenix Suns. No feminino, além das aposentadorias, há os contratos com a WNBA, a versão feminina da NBA, que não será paralisada durante o Pan.
Para a liga seguem a armadora Adrianinha (Helen, da mesma posição, já anunciou sua saída da seleção), as alas Iziane e, talvez, Janeth e a pivô Erika (Alessandra e Cíntia estão aposentadas).
Oscar, que criou a NLB, liga independente da Confederação Brasileira de Basquete, e deixou clara a oposição à entidade, diz que jogadores que o público conhece pouco, como Leandrinho, Nenê Hilário, Anderson Varejão e Marcelinho, deveriam ser referência para o basquete nacional. ?Mas como não conseguimos resultados com a seleção, o público não tem referência. Podem ser campeões da NBA ?ene? vezes, se não jogarem na seleção, vão ficar ricos, mas não serão ídolos. Enquanto esses jogadores não forem campeões de algo importante não vão ser reconhecidos. Nosso País quer ver jogador na seleção e eles precisam voltar a ter orgulho de jogar na seleção.
Enquanto andava com Leandrinho pelo aeroporto de São Paulo, Oscar, de 49 anos, sentiu vergonha porque os fãs dirigiam a ele os pedidos de autógrafos. ?Olha, esse é o Leandrinho, da NBA. Pega um autógrafo dele?, informava. Ídolos poderiam ajudar o basquete a se reencontrar no Brasil. O esporte é muito competitivo no mundo, com grande força tanto nas Américas quanto na Europa.
O basquete é dono de 21 medalhas pan-americanas (7 de ouro, 5 de prata e 9 de bronze). É o esporte coletivo que tem o maior número de medalhas ganhas na competição continental e a maior quantidade de ouros. E já teve ídolos na geração que foi duas vezes bronze olímpico (Roma/60 e Tóquio/64) e bicampeã mundial (Chile/59 e Brasil/63), como Amaury, Rosa Branca, Edson Bispo e Wlamir Marques; ou na de Oscar e Marcel, que conquistou um título histórico em Indianápolis, no Pan de 1987.
Também teve ídolos no feminino, da geração de bronze no Mundial de São Paulo/1971, como Elzinha, Heleninha, Norminha, Delcy, Nilza, Marlene e Maria Helena Cardoso. E da de Paula, Hortência e Janeth, campeãs pan-americanas (Havana/1991), campeãs mundiais (Austrália/1994) e medalha de prata olímpica (Atlanta/96).