A Câmara dos Deputados escolhe hoje seu presidente, para os próximos dois anos, em meio a uma disputa que rachou a base governista e ameaça a formação de um bloco coeso em defesa dos interesses do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A eleição marca também o rompimento do PC do B e do PSB com o PT, historicamente ligados, no confronto direto dos candidatos Aldo Rebelo (PC do B-SP), atual presidente da Casa, e Arlindo Chinaglia (PT-SP).
O embate, qualquer que seja o vitorioso, deixará seqüelas para o Planalto administrar. O pior cenário, no entanto, seria a vitória, pouco provável, do terceiro candidato, Gustavo Fruet (PSDB-PR), de oposição. A votação é secreta.
Com o acirramento e as reviravoltas na disputa, a tendência é de haver dois turnos. Aliados de Chinaglia trabalhavam, até ontem à noite, por uma remota chance de vitória na primeira votação, mas os outros dois candidatos contabilizavam apoio para a disputa em dois turnos.
Coordenadores da campanha petista avaliavam que um segundo turno com Aldo dificultaria a vitória de Chinaglia, por causa de um ‘sentimento anti-PT’ na Câmara. Na única vez em que o partido venceu uma disputa no voto secreto, em 2003, João Paulo Cunha (SP) foi o único candidato.
Em caso de segundo turno, o PSDB, partido de Fruet, com 64 deputados, será decisivo. O líder dos tucanos, Antonio Carlos Pannunzio (SP), adiantou que a bancada estará liberada para votar em quem quiser, caso Fruet seja derrotado. Chinaglia tem o apoio formal do maior número de partidos, mas todos os concorrentes contam com votos de dissidentes nas bancadas.