Diante da constatação de que é quase impossível impedir a instalação da CPI do Apagão Aéreo, a base governista na Câmara prepara-se para tirar vantagem do fato de que terá 15 das 23 vagas na comissão. Os aliados começam a se movimentar para fazer o relator e o presidente da comissão – o PMDB, por exemplo, como maior bancada da Câmara, vai reivindicar a presidência. Isso contraria a tradição de destinar um dos dois cargos ao partido que propôs a investigação.
A instalação da CPI depende de decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Com o controle da CPI, os governistas podem evitar convocações de autoridades, barrar requerimentos de investigação e de quebras de sigilo e, ao final, aprovar um relatório menos desfavorável ao governo. A estratégia governista tem como figura central o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ele nega com veemência qualquer movimento organizado da base para não perder o controle das investigações, mas tem sido cotado para ser relator. ?É tudo especulação da oposição?, sustenta.
Se a estratégia da base aliada der certo, o PMDB fica com a presidência, o que deixará os governistas com os dois cargos decisivos para a investigação. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois de atuar pelo arquivamento da CPI, é um dos escalados para o papel de escudeiro do governo, segundo deputados ouvidos pelo Estado.
Com essa configuração, a oposição teme que a base aliada atue como rolo compressor. ?Sabemos que dificilmente o pleno do Supremo não vai acompanhar a decisão do relator a favor da instalação?, disse ontem o deputado governista Carlos Willian (PTC-MG), referindo-se à liminar concedida pelo ministro Celso de Mello.