Um dia após a renúncia do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), o desafio dos partidos da base do governo e da oposição é a escolha de um nome para a presidência da Câmara com capacidade de criar um consenso e possibilitar a retomada dos trabalhos na Casa.
Já se apresentaram como candidatos José Thomaz Nonô (PFL), Arlindo Chinaglia (PT), Michel Temer (PMDB), Luiz Antônio Fleury Filho (PTB), Jutahy Magalhães Júnior (PSDB), Francisco Dornelles (PP), Ciro Nogueira (PP), Beto Albuquerque (PSB) e João Caldas (PL).
Para o líder da minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL), o grande número de candidatos, se confirmado na eleição prevista para quarta-feira (28), pode levar a um segundo turno a definição do novo presidente da Câmara. Ele não descarta "uma grande influência do acaso, da roleta e do improvável".
A própria base aliada ainda não se uniu com a candidatura do petista Arlindo Chinaglia (SP): segundo o líder do PSB, Renato Casagrande (ES), o nome do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) tem aparecido nas discussões.
Apresentado pelo PP como candidato, o deputado Francisco Dornelles (RJ) disse que "o desafio, no momento, é estabelecer uma união em torno de princípios básicos que permitam a recuperação da imagem da Câmara". E que até terça-feira os partidos têm prazo para conversar e chegar a um consenso.
O pefelista Thomaz Nonô, que exerce interinamente a presidência, disse que sua candidatura não é partidária e que, se eleito, sua primeira atitude será tentar agendar um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir uma agenda de retomada dos trabalhos na Casa. "Do jeito que está, perde o governo e perde a Câmara", acrescentou.
Também defensor da união entre governo e oposição para que se chegue a um consenso, o petista Paulo Delgado (MG) destacou que "ninguém tem mais de 200 votos neste momento". E criticou o lançamento, pelo PT, do nome do líder do governo, Arlindo Chinaglia, para suceder Severino.
"É um bom nome, mas para um confronto. Se não partirmos para a discussão de um nome de unidade, não sairemos desta crise", afirmou. Paulo Delgado lembrou que na verdade o eleito na quarta-feira vai cumprir "um mandato-tampão".
O PPS, PDT e PV, que reúnem 46 votos, apresentaram em reunião, quinta-feira, um decálogo de condições e propostas, como revisão da legislação que regula a edição de medidas provisórias, votação da reforma política, apoio às investigações conduzidas pelas comissões parlamentares de inquérito e o fim da possibilidade de renúncia de parlamentares como forma de fugir a um processo de cassação, entre outros.