O acordo entre os partidos da base de governo em São Paulo e o PT, que deu ao candidato do governador José Serra (PSDB) a presidência da Assembléia, não impediu que ontem mesmo oposição e situação se enfrentassem. No primeiro dia de trabalho da nova legislatura, o que se viu foi uma enxurrada de pedidos de abertura de CPIs e muita troca de acusações.
Foram protocolados oito pedidos de investigação, a maior parte propostas antigas feitas por integrantes da base governista e muitas delas que perderam o objeto da apuração.
A estratégia adotada pelos partidos da base é a de apresentar o maior número de pedidos de CPIs que não afetem a administração Serra para evitar que o PT consiga fazer a coleta de assinaturas necessárias (32) para protocolar o pedido de abertura de investigação sobre o contrato, as obras e o acidente do Metrô, no dia 12 de janeiro.
Para os governistas – que reúnem 70 dos 94 parlamentares -, essa CPI prejudicaria Serra diretamente e sua abertura deve ser impedida a todo custo.
A estratégia pode vingar. Pelo regimento interno da Assembléia, apenas cinco CPIs podem funcionar simultaneamente. Como criou-se nos últimos anos uma regra interna, mas não oficial, de que as CPIs serão abertas seguindo a ordem cronológica de pedido, a idéia é formar uma fila para que ela acabe inviabilizada por questões de prazo de abertura.
O presidente da Assembléia Legislativa, Vaz de Lima (PSDB), que anteontem chegou a defender a abertura de comissões por ordem de pedido, recuou e disse ontem que vai analisar a questão ?futuramente?.
O líder do PT, Simão Pedro, afirmou que o partido prosseguirá na busca pelas oito assinaturas que faltam para fazer o pedido e que irá protestar contra a possibilidade de se manter a regra de abertura das comissões por ordem de pedido. ?Nós entendemos que não existe regra de ordem cronológica e apresentamos inclusive uma reclamação no Supremo Tribunal Federal questionando esse mecanismo?, declarou.
